RIO DE JANEIRO – No último sábado, o prefeito Eduardo Paes publicou um vídeo afirmando sua disposição em doar um terreno para o Botafogo Social, excluindo a Sociedade Anônima de Futebol (SAF). O empresário norte-americano e acionista majoritário do Botafogo, John Textor, comentou sobre o assunto em entrevista ao site “GE” nesta segunda-feira (15/7), alfinetando a demora da Prefeitura na concretização do projeto.
O impasse do terreno
Em sua entrevista, Textor deixou claro que não há discussões concretas sobre o terreno com a cidade, apesar da crença de que a Prefeitura apoie a ideia. "Não há discussão sobre isso (terreno) com a cidade. É uma ideia que eu acredito que a Prefeitura goste. Eu ainda gosto, mas não tivemos discussões mais", declarou o empresário. Ele mencionou os investimentos significativos realizados no Lonier, transformando-o em um centro de treinamento profissional, com espaço para futuros campos que acomodariam as categorias de base mais velhas. Textor enfatizou a importância da proximidade entre as categorias de base e o time principal, inspirando os jovens atletas.
Frustração e novos planos
Textor expressou sua frustração com a burocracia e as dificuldades nas negociações de terrenos. "Estarei velho, com uma longa barba branca antes de a Prefeitura me dar terras de graça. Teremos que achar bons terrenos, talvez um pouco mais afastado da cidade onde é mais barato", afirmou. Ele destacou a parceria potencial com clubes como o Atlético de Madrid, reforçando a busca por alternativas viáveis.
O acionista revelou entusiasmo inicial com uma propriedade específica, que acabou enfrentando problemas de desenvolvimento urbano e ambiental. "A primeira propriedade nós realmente amamos e era grande o suficiente. Mas tinha vários problemas típicos de desenvolvimento reunidos", lamentou. A dificuldade nas negociações entre a cidade, o clube e os donos dos terrenos foi um obstáculo significativo para avançar com o projeto.
Estádio Nilton Santos e a pista de atletismo
A discussão sobre o terreno também envolveu a negociação da pista de atletismo do Estádio Nilton Santos. Textor mencionou a oferta conceitual de um terreno pela cidade, que permitiria a construção de um centro de performance e um complexo de divisão de base, condicionado à permanência no estádio por mais tempo e à realização de renovações significativas. No entanto, sem o controle do estádio e sem a propriedade do terreno, tais investimentos não foram possíveis.
"Não aconteceu, não recebemos o terreno da Prefeitura. Não controlamos o estádio, não temos o direito de remover a pista", explicou Textor. Ele se desculpou com os torcedores pelo anúncio prematuro de que o estádio era seu, ressaltando que, embora emocionalmente ligado ao local, o estádio é público e investimentos grandiosos não são viáveis sem a propriedade do ativo.
John Textor muda os planos e investe no CT Lonier
O Botafogo mudou os planos. John Textor agora quer o profissional e os times mais velhos da base no CT Lonier, que receberá mais investimento. E pretende fazer um enorme centro de treinamento coletivo com mais clubes.
– Vocês foram os primeiros a publicar o design do projeto. Essa ideia evoluiu. Nós agora convidamos outros clubes para fazer parte desse projeto. O Atlético de Madrid quer fazer parte, um grande time da Colômbia, nossos clubes (Eagle Football), outros dois clubes da Premier League… Essa é uma nova ideia, de construir algo que chamamos de “O Coletivo”. Um centro de excelência em que clubes de todo mundo vêm para treinar, se encontrar, desenvolver atletas. Podem ganhar títulos pelos clubes aqui e traçar um caminho para a Europa – destacou John Textor, em entrevista ao site “GE” publicada nesta segunda-feira (15/7).
– Isso muda o nosso plano de ser apenas um multiclube com Lyon, Botafogo e Crystal Palace, para muito clubes maiores ao redor do mundo. O plano é que o Lonier seja a casa do nosso time principal e da parte alta da nossa divisão de base, com mais campos e nova infraestrutura. Essa outra ideia é para uma estrutura maior, dos mais jovens aos mais velhos, que vai se chamar The Collective (“O Coletivo”). Vai reunir um alto número de clubes internacionais em um único lugar. Teremos que comprar esse terreno – acrescentou.
O conceito é que times estrangeiros possam treinar no local e, caso haja interesse, existam negociações entre os clubes participantes.