Por Thiago Guedes
Thairo Arruda, CEO do Botafogo, compartilhou sua visão sobre como os investidores podem obter lucros no cenário do futebol brasileiro em uma entrevista no podcast "Futebol Além do Óbvio", do "Lance!". Uma das principais barreiras identificadas por Arruda é a ausência do fair play financeiro.
O futebol brasileiro, conhecido por sua paixão e intensidade, também tem se mostrado um terreno fértil para investidores em busca de retornos financeiros significativos. No entanto, para que esses retornos se concretizem, é fundamental entender as peculiaridades do mercado e os desafios que ele apresenta.
Confira também:
Investindo no Futebol Brasileiro: O Caminho para o Sucesso Financeiro
O futebol no Brasil não é apenas um esporte; é uma paixão nacional que atrai milhões de torcedores e espectadores em todo o mundo. Essa popularidade cria uma base sólida para oportunidades de investimento no setor esportivo, incluindo ações de clubes, patrocínios, direitos de transmissão e muito mais. No entanto, o sucesso financeiro no futebol brasileiro exige uma compreensão cuidadosa das nuances do mercado.
O futebol brasileiro oferece oportunidades emocionantes para investidores, mas é fundamental abordar os desafios financeiros que o mercado enfrenta. A visão de Thairo Arruda, CEO do Botafogo, ressalta a importância do fair play financeiro como um aspecto crítico para o sucesso sustentável no futebol brasileiro. Implementando regulamentações financeiras sólidas e promovendo a transparência, o futebol brasileiro pode se tornar um destino ainda mais atraente para investidores em busca de retornos financeiros significativos e duradouros.
Thairo Arruda e Sua Visão
Thairo Arruda, CEO do Botafogo, é um dos líderes visionários que compreendem as complexidades do mercado brasileiro de futebol. Em uma entrevista no podcast "Futebol Além do Óbvio", ele compartilhou insights valiosos sobre como os investidores podem colher os frutos deste mercado.
O retorno do investimento é proporcionado de duas formas, de qualquer investimento em empresas: o dividendo ou a valorização da ação, o que chamamos de equity. Se você pega o caso da Uber, a maior companhia de transporte do mundo, nunca pagou dividendo. Mas o acionista lá atrás cresceu fazendo retorno em equity, na valorização das ações. Se vender um pedacinho da Uber, vai ter retorno absurdo. O mesmo aconteceu com a Amazon, a expansão dela foi abrindo mão da lucratividade, você diminui o lucro, o produto é mais barato, mas expande. Nunca pagou dividendos, mas hoje é uma das maiores companhias do mundo. Esse tipo de lógica se adequa bem ao futebol.
O Fair Play Financeiro como Obstáculo
Um dos principais desafios destacados por Arruda é a falta de implementação eficaz do fair play financeiro no futebol brasileiro. O fair play financeiro é um conjunto de regulamentos destinados a garantir que os clubes não gastem mais do que arrecadam, evitando assim a acumulação de dívidas insustentáveis. Embora esse conceito seja amplamente aceito em ligas europeias, sua aplicação no Brasil tem sido irregular.
Implicações da Falta de Fair Play Financeiro
A ausência do fair play financeiro pode ter diversas implicações negativas para os investidores no futebol brasileiro:
- a. Instabilidade Financeira: Clubes endividados enfrentam dificuldades para manter operações estáveis, o que pode resultar em perdas significativas para investidores.
- b. Desigualdade Competitiva: Clubes com recursos financeiros desproporcionalmente maiores podem ter vantagens injustas, minando a competitividade da liga.
- c. Incerteza para Investidores: A falta de regulamentação financeira sólida cria um ambiente de investimento incerto e arriscado.
Veja o que Thairo Arruda falou sobre o assunto:
Se você compra um ativo a um valor x e usa todo o recurso por ele gerado dentro da operação, você está abrindo mão do seu dividendo. Mas lá na frente, se fizer bom projeto esportivo, tem um clube que vale muito mais do que quando você comprou. Essa é a lógica do retorno do investimento. Mas para isso tem que ter breakeven, uma saúde financeira, para gerar esse valor de equity. O que acontece que prejudica os clubes a conseguirem o breakeven? É a concorrência desleal. Quando você olha o futebol, existe alta correlação entre gasto com jogador e resultado em campo. É fácil dizer quem gasta mais tem mais chance de ser campeão. Mas tem clube que gasta além da conta. Tem R$ 200 milhões de receita, decide gastar 300 ou 400 milhões. Cria vantagem competitiva desleal, está colocando em xeque projetos de breakeven, que são mais sustentáveis.
Possíveis Soluções
Para que os investidores tenham sucesso no futebol brasileiro, é imperativo que sejam implementadas medidas para promover o fair play financeiro. Algumas soluções possíveis incluem:
- a. Regulamentação Forte: Estabelecer regulamentações financeiras rigorosas para os clubes, com penalidades claras para o descumprimento.
- b. Transparência Financeira: Exigir que os clubes divulguem suas finanças de forma transparente, permitindo que os investidores tomem decisões informadas.
- c. Fiscalização Eficaz: Garantir que as autoridades esportivas tenham a capacidade de monitorar e fazer cumprir as regulamentações financeiras.
Aconteceu com o Cruzeiro, ganhou tudo em determinado tempo, dois anos depois estava falido, aconteceu com o Atlético-MG também, teve muito endividamento após uma conquista. São gastos acima do planejado. Daí vem a importância do fair play financeiro. Lá na Europa eles identificaram esse tipo de comportamento e colocaram um basta. “Você vai gastar o que pode para não criar uma concorrência desleal”. É um fair play financeiro, falta isso no Brasil. Por que isso é importante para o investidor? Porque por exemplo, nós do Botafogo, que visamos breakeven, podemos perder campeonatos para clubes que estão gastando desordenadamente. Quando coloca o fair play financeiro, acaba limitando gestões temporária que gastam acima do esperado e privilegia os projetos que visam realmente o crescimento sustentável, são coroados com mais possibilidades de campeonato.
Por Thiago Guedes
