A recente absolvição de Marlon Freitas, volante do Botafogo, em um caso que envolvia acusações de ofensa à arbitragem, trouxe à tona mais uma vez a discussão sobre a imparcialidade dos árbitros no futebol brasileiro. A decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de aplicar apenas uma advertência ao jogador, após um julgamento tenso e com diversas nuances, evidencia a complexidade das relações entre atletas, comissões técnicas e a arbitragem.
O Caso Marlon Freitas
Tudo começou após uma declaração do jogador em um jogo contra o Cuiabá, onde o Botafogo saiu vitorioso, mas enfrentou decisões polêmicas da arbitragem. Marlon Freitas, em entrevista, criticou o que considerou injustiças durante a partida, utilizando a expressão "vamos ter que lutar contra o sistema". Essa declaração foi interpretada como uma ofensa à arbitragem e resultou em uma denúncia no STJD.
A defesa de Marlon Freitas, por sua vez, argumentou que as palavras do jogador foram retiradas de contexto e que o objetivo não era atacar a arbitragem como um todo, mas sim expressar a frustração com decisões específicas que prejudicaram sua equipe. A estratégia defensiva se mostrou eficaz, e o STJD optou por desclassificar a acusação inicial, aplicando apenas uma advertência ao jogador.
O Padrão Duplo na Arbitragem?
A absolvição de Marlon Freitas reacendeu o debate sobre a existência de um padrão duplo na arbitragem brasileira. A comparação com um lance semelhante ocorrido na Copa do Brasil, entre Bahia e Flamengo, é emblemática. Naquela ocasião, o zagueiro Gabriel Xavier acertou o rosto de Bruno Henrique com um movimento considerado violento, mas o árbitro Raphael Claus não sequer mostrou cartão amarelo.
A semelhança entre os dois lances é evidente, e a ausência de punição em um caso e a punição em outro levanta questionamentos sobre a imparcialidade da arbitragem. A impressão que se tem é que os critérios utilizados para avaliar as jogadas são subjetivos e podem variar de acordo com o momento do campeonato, a relevância das equipes envolvidas ou outros fatores externos.
A Necessidade de Transparência
A falta de transparência nas decisões da arbitragem é um dos principais problemas do futebol brasileiro. A ausência de um critério claro e objetivo para avaliar as jogadas gera desconfiança e alimenta teorias da conspiração. A análise do VAR, por exemplo, muitas vezes é incompreensível para os torcedores, o que aumenta a sensação de injustiça.
Para mudar esse cenário, é fundamental que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Comissão de Arbitragem adotem medidas concretas para aumentar a transparência. A divulgação das gravações do VAR, por exemplo, poderia ajudar a esclarecer as dúvidas e a mostrar aos torcedores que as decisões são tomadas com base em critérios técnicos.