Relato polêmico inclui expulsões, ofensas e erros na súmula, colocando a atuação do árbitro em xeque
O árbitro Braulio da Silva Machado protagonizou um dos episódios mais controversos da temporada, ao carregar na súmula do jogo entre Botafogo e Palmeiras, ocorrido nesta quarta-feira (1/11) no Estádio Nilton Santos. Além de relatar as expulsões e os lances polêmicos da partida, o documento também incluiu uma série de alegações envolvendo membros da comissão técnica e diretoria do Botafogo, gerando intensa polêmica.
Súmula de Botafogo x Palmeiras
O relato do árbitro descreveu a expulsão de Joel Carli, jogador do Botafogo, e mencionou que foi ofendido pelo auxiliar-técnico do time alvinegro. Além disso, Braulio relatou os protestos de John Textor, acionista da SAF do Botafogo, afirmando que o empresário fez gestos relacionados a dinheiro, com aplausos irônicos e protestos.
Expulsei após o término do jogo o Sr. Mauro Joel Carli, auxiliar-técnico da equipe Botafogo, por adentrar o campo de jogo e protestar de forma acintosa contra as decisões da arbitragem, proferindo aos gritos as seguintes palavras: ‘Tu não deveria ter expulsado o nosso jogador, e tinha que expulsar o deles’, repetidas vezes. Informo que após ser expulso o mesmo reage de maneira agressiva, com o dedo em riste e aos gritos profere por repetidas vezes as seguintes palavras: ‘Tu roubou a gente, isso foi um um roubo’. Informo que me senti ofendido pelas palavras proferidas pelo referido auxiliar-técnico.
A situação se tornou ainda mais tensa na saída para os vestiários, onde, segundo o árbitro, xingamentos e atos de hostilidade ocorreram. Dirigentes do Botafogo, como Vinicius Assumpção (vice do clube social), André Mazzuco (diretor de futebol) e Pedro Moreira (gerente de futebol), estiveram presentes e foram apontados como parte dos protestos contra a arbitragem.
Ao descer e adentrar a área mista, fomos abordados por diversas pessoas, sendo estas diretores, dirigentes da SAF Botafogo e até mesmo seguranças que partiram para cima da equipe de arbitragem e começaram a empurrar o policiamento, além de protestar aos gritos e de forma ofensiva e grosseira as seguintes palavras: ‘Vagabundo, ladrão, sem vergonha, viado, filho da puta, veio aqui para roubar‘ por repetidas vezes. Essa situação perdurou até o final da zona mista, onde o policiamento conseguiu conter os mesmos e conseguimos adentrar ao vestiário de arbitragem.
Além das palavras ásperas de John Textor, outros membros da diretoria e integrantes da comissão técnica do Botafogo demonstraram veemente descontentamento nos corredores do Estádio Nilton Santos após a derrota para o Palmeiras por 4 a 3.
Informo que após o término do jogo, no momento em que estávamos dentro do campo de jogo, constatei a presença de pessoas não relacionadas e/ou credenciadas, que invadiram o campo de jogo e se aproximaram da equipe de arbitragem, sendo elas: o atleta Patrick de Paula que protestou com palavras que não conseguimos identificar devido ao números de pessoas no entorno, e o proprietário da SAF Botafogo, Sr. John Textor, que após conversar com o jogadores de sua equipe e saudar a torcida, se aproxima da equipe de arbitragem aplaudindo de forma irônica, seguido de gestos com referência a dinheiro tocando o polegar ao dedo indicador de uma das mãos repetidas vezes em direção à equipe de arbitragem.
Imagens divulgadas pelo portal "Versus Esporte" mostram a tensão nos corredores de acesso aos vestiários, com empurra-empurra e até a intervenção de um policial do Bepe (Batalhão Especial de Policiamento em Estádios), que tentou conter a situação.
O árbitro Braulio da Silva Machado, protegido por vários policiais, deixou a zona mista em direção aos vestiários sorrindo, o que gerou ainda mais controvérsias. Vinicius Assumpção, vice-presidente do clube social do Botafogo, foi flagrado em imagens visivelmente exaltado. O CEO Thairo Arruda também apareceu nas filmagens.
Uma das revelações surpreendentes da súmula é que um dos dirigentes do Botafogo apontados por Braulio da Silva Machado como autor de ofensas contra a arbitragem não faz parte do clube desde janeiro e atualmente trabalha no Atlético-MG.
Na súmula, Pedro Moreira foi identificado como gerente de futebol da SAF Botafogo, porém, Pedro pediu demissão do clube em janeiro e hoje ocupa o cargo de gerente administrativo da base do Atlético-MG. Além de Pedro Moreira, Braulio identificou outros dois dirigentes do Botafogo, que de fato aparecem nas imagens da confusão nos corredores do estádio: Vinicius Assumpção e o CEO Thairo Arruda.
Como se não bastasse os erros em campo, Braulio da Silva Machado ainda cometeu outro erro na confecção da súmula, ao atribuir o terceiro gol do Palmeiras a Breno Lopes, quando o autor foi, na verdade, Flaco López.
Devido aos erros na súmula, Braulio da Silva Machado enfrenta o risco de ser denunciado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê suspensão de 30 a 360 dias e/ou multa de R$ 100 a R$ 1.000 para casos em que o árbitro "deixa de relatar as ocorrências disciplinares da partida ou o faz de forma a impossibilitar ou dificultar a punição de infratores, deturpar os fatos ocorridos ou incluir fatos que não tenha presenciado". A situação promete continuar gerando intensos debates e polêmicas no cenário esportivo.