Presidente do São Paulo, Julio Casares, intensificou as críticas à arbitragem brasileira e fez um alerta sobre o fair play financeiro, em meio à disputa com o Botafogo.
A guerra do São Paulo contra a arbitragem brasileira ganhou um novo capítulo. Após uma série de reclamações formais à CBF, o presidente Julio Casares intensificou as críticas, cobrando mudanças profundas e até a inclusão de árbitros estrangeiros. Em meio à polêmica, o dirigente não poupou as indiretas ao Botafogo, rival direto na briga pelo título do Brasileirão e Libertadores.
Presidente do São Paulo dispara contra arbitragem e cutuca Botafogo
A gota d'água para o São Paulo foi a derrota por 2 a 0 para o Fluminense, em um jogo marcado por um lance controverso que culminou no gol de Kauã Elias. Segundo o clube, houve uma falta de Calleri não marcada, o árbitro teria dado vantagem indevidamente e Thiago Silva teria tocado na bola com a mão antes do gol.
Arbitragem é algo muito difícil, estivemos no Rio (na CBF), só nos cabe representar, formatar um processo sobre essa situação. Reitero que o áudio não foi colocado, pedimos na nossa representação o áudio de forma pública, como sempre teve. Sobre questão de erro direito, é análise que ouvi, uma tomada importante, mas não coloco como prioridade, porque pode trazer outros prejuízos ao futebol, porque toda semana vai ter análise de erro de direito. Não sei se é bom para o produto. O que está claro é que a arbitragem está precisando de reciclagem profunda e mudança. A CBF abriu comissão que analisa erros do fim de semana. É importante, mas não resolve, precisamos de ações, talvez intercâmbio de árbitros. Sei que no Brasil tem muitos árbitros bons, mas podemos trazer de fora e criar ranking. Se fizer ranking e sorteio, pouco importa se é de São Paulo ou Rio de Janeiro, podemos fazer de forma transparente. O que nos deixa tristes e nos cabe protestar é por que o áudio não foi liberado até agora? Quero a íntegra desse áudio
Aprendi que não podemos apenas agir com emoção. A emoção de quem é prejudicado é muito forte, você fala o que não deve. Tem problema, dorme com ele um pouco. Você pode acarretar outros prejuízos à indústria, que emprega gente, tem TV, atletas. Um ato isolado de um clube pode propiciar atos de outros clubes, você vai ter campeonato que vai parar, não vai ter questão de discutir como justo ou transparente.
O dirigente também cobrou uma maior participação dos detentores de direitos no futebol brasileiro, argumentando que a falta de controle financeiro favorece clubes que fazem grandes investimentos, mas não seguem as regras do fair play financeiro.
Conviver com o erro também é ruim. Precisamos fazer um grande encontro com indústria do futebol, atletas, dirigentes, torcedores, sindicatos, federações e principalmente plataformas digitais de streaming e TVs, que compram os direitos. Querem campeonato competitivo, equilibrado e justo. Quando você tem erro de arbitragem, clubes com dinheiro sem comprometimento daquele faturamento trazem jogadores e desequilibram o campeonato, TVs e meios de comunicação, que investem milhões e ajudam os clubes, não estão comprando um produto totalmente justo. Isso que é ruim. Precisamos de uma grande reunião.
Indireta ao Botafogo
Em suas declarações, Casares não citou o nome do Botafogo, mas as indiretas foram claras. O dirigente fez referência à SAF do clube carioca, comandada por John Textor, e à sua participação em uma holding que controla equipes na França e na Inglaterra.
A reestruturação financeira, aliada a plano estratégico, vai trazer oxigênio ao São Paulo. Primeiro porque você alonga a dívida e, em cinco anos, você tem possibilidade real de acabar com ela. Hoje, juros financeiros representam mais que nosso investimento na base em Cotia anualmente. O futuro do São Paulo é o equilíbrio das contas, trabalhar estádio mais confortável, moderno, sem perder a tradição do Morumbis, e olhar a estratégia principal que é revelar jogadores. Um clube que fatura R$ 1 bilhão vai poder investir mais que um que fatura R$ 500 milhões. É da natureza do mercado. Agora, temos que ter regras. Se não acontecer, as SAFs de gente séria e outras de aventureiros vão chegar no Brasil, com qualquer oferta para pagar parte da dívida, jogar para a associação e fazer seu trampolim, sua ciranda de valorizar atleta A e B, que veste uma camisa no primeiro semestre, depois volta. Estamos vendo, jogadores que foram para França, Inglaterra e depois voltam para o clube do qual saíram. Isso não é bom para o futebol e não é saudável.
O que está em jogo?
A disputa entre São Paulo e Botafogo vai muito além do campo. Os dois clubes estão brigando por uma vaga na Libertadores e pelo título do Brasileirão. A arbitragem, o fair play financeiro e a chegada das SAFs são temas que estão no centro do debate e que prometem movimentar o futebol brasileiro nos próximos meses.