Clube entrou na mira do STJD por conta de postagem feita pela Organizada

O Botafogo entrou na mira do STJD após a torcida organizada 'Loucos pelo Botafogo' ter utilizado um slogan que foi identificado como uma adaptação de uma expressão usada na ofensiva nazista alemã contra o comunismo. O Tribunal recebeu uma notificação de infração disciplinar através da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). 

Na semana passada, em uma publicação para convocar os torcedores para o clássico contra o Flamengo, válido pelo Brasileirão e realizado no último domingo (com vitória dos rubro-negros por 2 a 1), a organizada escreveu: 'Antes morto que vermelho'.

Nota Oficial - Loucos Pelo Botafogo

Leia abaixo a nota oficial da torcida "Loucos Pelo Botafogo", se posicionando após acusação de ‘post nazista’.

No Rio de Janeiro existe uma grande rivalidade no futebol entre Flamengo e Botafogo, e suas respectivas torcidas. Onde os dois times fazem provocações antes dos jogos de forma a fomentar a rivalidade, porém em sua maioria, sempre pensando na festa e na paz dos estádios.

Antes do jogo contra o Flamengo, a Torcida Loucos Pelo Botafogo postou em suas redes sociais a frase “ANTES MORTO DO QUE VERMELHO”. A Torcida afirma que a frase colocada em suas redes sociais nada tem a ver com o nazismo ou qualquer outro contexto histórico e político e sim fazendo tão somente alusão a uma das cores do rival, a cor vermelha. Cabe salientar que outros clubes brasileiros e estrangeiros usam a mesma frase como forma de provocar seus adversários, baseado somente nas cores utilizadas por eles, tendo como exemplo no Brasil o Grêmio contra o Internacional, o Goiás contra o Vila Nova e no exterior o Porto contra o Benfica, inclusive onde se vendem materiais do clube com essa frase sem nenhum tipo de polêmica, conotação nazista ou política.

A Loucos pelo Botafogo é contra qualquer tipo de insinuação política, nazista, preconceitos ou qualquer outra situação que ofenda pessoas, religiões, raça, etc., sendo inclusive uma torcida extremamente engajada em causas sociais como demonstrado em 18 anos de existência, tais como entrega de cestas básicas para os funcionários do clube social em plena pandemia, campanhas de doação de sangue, campanha para alimentar pessoas em situação de vulnerabilidade, campanha do agasalho, entre outras.. Sendo todas amplamente divulgadas em nossas redes sociais.

 

A Loucos pelo Botafogo é uma das torcidas organizadas que mais fazem pelo clube nas arquibancadas, com músicas criadas que ficaram famosas tais como “Ninguém Cala”, “Fogo Olê”, “Não Se Compara”, “Ponha a Alma e o Coração”, entre outras… Não tendo nenhuma punição pelo Ministério Público e pelo BEPE sendo ainda a primeira a implantar nas arquibancadas cariocas o modo Barra Brava de torcer, com muita festa e cânticos que exaltam o clube e a sua história, tornando-se uma referência. Sendo inclusive modelo para criação de outras torcidas no Rio de Janeiro com o mesmo estilo festeiro.

Sobre a matéria vinculada no ge.com, onde a Associação Brasileira de Imprensa fez uma denúncia ao STJD para que punissem o Botafogo de Futebol e Regatas por uma frase que não tem conotação política nenhuma, causou surpresa pela forma como foi veiculada sem nenhum tipo de cuidado em buscar e entender a verdade dos fatos junto ao clube ou a torcida organizada, onde sequer fomos procurados, como deve-se nortear o jornalismo sério e imparcial.

Não se pode uma associação com tanto prestígio, principalmente na época de seu presidente Sr. Barbosa Lima Sobrinho, venha a público imputar ao Botafogo e a torcida um crime altamente periculoso como o nazismo. Sem ao menos averiguar de maneira ampla os motivos da postagem, colocando em xeque a idoneidade de uma instituição secular como o Botafogo e de uma torcida organizada com 18 anos de existência sem nenhum histórico de violência, sendo engajada em causas sociais provando o seu lugar como uma torcida de paz e de festa.

A torcida informa ainda que teve o cuidado de procurar o presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro – FIERJ, SR. Alberto Klein onde foram debatidos os pontos de vista tanto da federação como da torcida tendo um desfecho extremamente satisfatório entre as partes com sugestões que foram muito bem recebidas pela Loucos.

Assim, aproveitando o ensejo, a Loucos pelo Botafogo convida os membros da ABI, a comunidade judaica bem como os membros da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro para que possam conhecer de perto o trabalho da torcida, convidando-os a participar dos jogos afim de desfrutar da verdadeira festa feita pela Loucos, além da torcida se comprometer a organizar e promover visitas de seus membros associados e torcedores comuns ao Memorial do Holocausto, equipamento educativo tão importante para comunidade judaica do Rio de Janeiro.

Agradecemos o apoio recebido em nossas redes sociais, que só ressalta a nossa credibilidade e nosso compromisso em construir uma arquibancada cada vez melhor.

 

Presidente da "Loucos" já havia se manifestado

Em entrevista ao site “UOL”, o presidente da torcida "Loucos pelo Botafogo", Rafael Kastrup, negou o teor nazista na postagem e disse que a mensagem teve "cunho totalmente voltado para o futebol" e "foi levada para um campo que não tem nada a ver”.

Botafoguense não gosta de vermelho. Criou-se uma conotação que é uma viagem total. Foi contexto do futebol, da cor do clube rival, não sobre nazismo (...) As pessoas que fizeram essa publicação, do nosso marketing, são todos muito jovens, mal sabem o que é o nazismo, não tem maldade nenhuma. Eu mesmo, presidente, desconhecia. Não vivi o nazismo, estudei no colégio, mas não tenho nada a falar sobre o assunto além de ser lamentável.

O presidente da “Loucos Pelo Botafogo” afirmou que entrará em contato com o clube para que ele não seja responsabilizado pela mensagem. A organizada deve divulgar nota oficial em breve.

Entenda a polêmica

A mensagem publicada pela "Loucos pelo Botafogo" gerou repercussão na internet, tanto entre os botafoguenses quanto entre os flamenguistas, que falaram sobre uma possível adaptação da expressão alemã 'Lieber tot als rot' ('Melhor morto que vermelho', em tradução livre), que foi veiculada pela rádio Werwolf durante o Terceiro Reich, sob o comando de Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Adolf Hitler.

Representada pelos advogados Carlos Nicodemos e Maria Fernanda Fernandes, a ABI solicita que a procuradoria-geral do STJD apresente uma acusação formal contra o Botafogo, buscando que o clube seja punido devido à manifestação de sua torcida. A entidade alega que a mensagem veiculada desrespeitou o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e constituiu um ato discriminatório, sujeito a uma multa que pode chegar a R$ 100 mil.

Outro trecho da publicação da 'Loucos pelo Botafogo' também é mencionado no documento: 'Amanhã é dia de guerra'. A ABI argumenta que essa frase constitui uma apologia ao ódio, o que também estaria em desacordo com o CBJD. Além disso, a entidade alega que o Código de Ética da FIFA também foi violado no caso em questão."

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