Antônio Brum, vice-presidente do Grêmio, critica a disparidade de investimentos no futebol brasileiro e defende a implementação de um mecanismo de controle financeiro.
A chegada das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) no Brasil trouxe uma nova dinâmica para o mercado da bola, com investidores dispostos a investir grandes quantias em seus clubes. No entanto, essa realidade tem gerado preocupações de alguns clubes (como o Grêmio) sobre a sustentabilidade financeira do futebol nacional e a possível desigualdade entre as equipes.
Antônio Brum, vice-presidente de futebol do Grêmio, é um dos críticos dessa nova realidade. Em entrevista recente, o dirigente defendeu a implementação de um mecanismo de fair play financeiro no Brasil, como forma de equilibrar as contas dos clubes e evitar que a disparidade de investimentos se torne insustentável.
Antônio Brum, vice-presidente de futebol do Grêmio, reclama de concorrência com Botafogo
Brum citou o caso do Botafogo como exemplo. O clube carioca, com o apoio de seu investidor, John Textor, tem realizado contratações de alto valor, o que, segundo o dirigente gremista, dificulta a concorrência para equipes com menor poder aquisitivo. "Aposto que o orçamento do Botafogo deve ser muito parecido com o do Grêmio. Mas, se está fazendo essas contratações, vai gastar muito mais. Óbvio, tem um investidor que está pagando isso. Mas acho que tem que ter uma métrica para... Porque, se não, cada clube vai ser de um investidor e isso vai para onde? Tem uma métrica para tentar equilibrar", afirmou Brum.
A preocupação do dirigente gremista é vai além. A capacidade de um clube como o Botafogo de realizar contratações milionárias, como a de Igor Jesus, segundo ele, cria uma distorção no mercado e dificulta a vida de equipes que não possuem a mesma capacidade financeira. "É muito difícil, eu não sei onde é que vai parar isso aí. Eu citei o Botafogo porque o trabalho de scout que faz é muito bom, e o Textor, quando chegou, reformulou várias coisas. Ele tem uma rede mundial que prospecta jogadores, mas, assim, me assusta o cara fazer duas, três contratações de 20 milhões, 22 milhões de euros. O filtro dele do iScout está diferente do meu lá (risos). Acho que o fair play financeiro é uma alternativa para tentar barrar um pouco isso, entendeu? Porque se não a concorrência vai ficar desleal", completou Brum.
Ele ainda cita a dificuldade em competir com clubes que contam com o apoio de grandes investidores é um desafio que o Grêmio e outros clubes brasileiros terão que enfrentar nos próximos anos. "Vai ser muito difícil [concorrer], se a gente não se organizar muito, não tiver uma capacidade, através do marketing, do nosso CEO, de buscar investimentos para que o Grêmio possa ter uma arrecadação maior, para ter mais poder, tanto o mercado inflacionou quanto você está concorrendo com caras que têm muito mais dinheiro do que você", disse Brum.
Igor Jesus foi cogitado no Grêmio
O caso de Igor Jesus, um jovem atacante que estava na mira do Grêmio, mas acabou acertando com o Botafogo, ilustra bem, segundo o dirigente, a dificuldade enfrentada pelos clubes brasileiros. "Esse centroavante, Igor Jesus, a gente olhou. Era um negócio difícil, caro. A gente optou por outros que estão aqui, mas a gente olhou muito esse centroavante. Ele é muito bom jogador, surgiu no Coritiba e estava no futebol árabe. A gente olhou muito esse jogador, mas acabamos... Era um negócio difícil também, assim, para o Grêmio e acabamos... E ele está muito bem no Botafogo", lamentou o dirigente gremista.
A implementação de um mecanismo de fair play financeiro no Brasil é uma discussão que surgiu após o sucesso do Botafogo. A disparidade de investimentos entre os clubes pode comprometer a competitividade do Campeonato Brasileiro e gerar um desequilíbrio no futebol nacional, segundo dizem alguns clubes.