Por Thiago Guedes
O ano de 2024 entrou para a história do Botafogo como uma temporada de grandes conquistas e transformações. O clube, que já foi um dos maiores do Brasil, passou por um processo de revitalização sob a liderança de John Textor, empresário norte-americano que trouxe uma nova visão para o futebol brasileiro. O Botafogo não só conquistou os títulos mais importantes do país, como o Campeonato Brasileiro e a Libertadores, mas também se tornou um símbolo de como a modernização e a gestão profissional podem transformar um time.
Neste artigo, vamos entender como a gestão de Textor transformou o Botafogo e o que isso significa para o futebol brasileiro. A partir de sua chegada ao clube, Textor trouxe uma série de mudanças estratégicas que fizeram toda a diferença. A reportagem publicada pelo portal “The Athletic”, ligado ao renomado jornal “The New York Times”, destacou esse processo e abriu os olhos do mercado internacional para o potencial do futebol brasileiro.
O Impacto de John Textor no Botafogo
A Revolução Começa
Quando John Textor comprou o Botafogo, o clube estava longe dos seus dias de glória. Apesar de sua grande história, o Botafogo enfrentava uma longa seca de títulos e dificuldades financeiras. Foi nesse cenário que Textor viu uma oportunidade de transformação. Para ele, a situação do Botafogo era parecida com o início de uma startup: uma empresa com pouca estrutura, mas com grande potencial de crescimento.
Textor, com sua visão inovadora, decidiu que o Botafogo precisava ser reconstruído do zero. Ele trouxe novos funcionários, mudou a estrutura administrativa, contratou novos jogadores e, o mais importante, estabeleceu uma filosofia de trabalho que focava na profissionalização e no uso da tecnologia para a gestão do clube. O resultado foi uma equipe mais competitiva, com uma mentalidade vencedora que levou o Botafogo a conquistar títulos importantes em 2024.
O Modelo de Gestão das SAFs
A implementação do modelo SAF (Sociedade Anônima do Futebol) foi um dos pilares dessa revolução. Desde 2021, quando a legislação brasileira permitiu que clubes de futebol se transformassem em empresas, o modelo SAF tem atraído investidores estrangeiros interessados em modernizar a gestão dos clubes. John Textor foi um dos primeiros a apostar nesse modelo, e o sucesso de sua gestão no Botafogo se tornou uma referência para outros clubes brasileiros.
A SAF permite que os clubes sejam mais ágeis e eficientes na gestão dos seus recursos, com maior liberdade para buscar investimentos e tomar decisões sem as limitações impostas pela antiga estrutura associativa. No caso do Botafogo, isso significou mais recursos para contratações, melhores condições para os jogadores e uma estrutura administrativa mais profissional. Com isso, o clube pôde investir em sua infraestrutura, melhorar a preparação física e técnica de seus atletas e, acima de tudo, se tornar mais competitivo no cenário nacional e internacional.
O Sucesso Dentro de Campo
Títulos Importantes: Brasileiro e Libertadores
O Botafogo de 2024 se destacou pela sua incrível campanha no Campeonato Brasileiro e na Libertadores. A conquista desses dois títulos em uma única temporada é um feito histórico para o clube e, sem dúvida, um reflexo direto do trabalho de Textor e sua equipe. Sob a sua liderança, o time conseguiu reunir uma combinação de experiência e juventude, trazendo jogadores de qualidade e aproveitando as oportunidades de mercado.
Além disso, a parceria com outros clubes da holding de Textor, como o Crystal Palace, ajudou a fortalecer a prospecção de talentos e melhorar a rede de olheiros do Botafogo. Dougie Freedman, diretor esportivo do Crystal Palace, foi um dos principais responsáveis por essa mudança, e sua experiência ajudou a identificar jogadores promissores, tanto no Brasil quanto no exterior.
A vitória na Libertadores, o torneio mais prestigiado da América do Sul, foi um marco na história do clube. O Botafogo, que há anos não vivia uma grande fase, voltou a ser respeitado no continente. Isso não apenas aumentou a visibilidade do clube, mas também atraiu novos investidores e patrocinadores, consolidando ainda mais a revolução de Textor.
Estratégia de Longo Prazo
A visão de Textor para o Botafogo vai além dos títulos conquistados em 2024. Ele enxerga o futebol brasileiro como um mercado em expansão, com um grande potencial para atrair investidores estrangeiros. A ideia é criar uma estrutura de clube forte, capaz de competir com as principais equipes do mundo. Para isso, Textor sabe que o sucesso a longo prazo depende de um planejamento cuidadoso, de investimentos constantes em jovens talentos e de uma gestão financeira sólida.
A chave para o sucesso de Textor foi a capacidade de transformar o Botafogo em uma marca internacional, não apenas dentro do Brasil, mas também no exterior. Com a adesão ao modelo SAF, o clube se tornou mais atraente para investidores e se preparou para um futuro ainda mais promissor.
O Desafio das SAFs no Futebol Brasileiro
Embora o modelo SAF tenha sido um grande sucesso para o Botafogo, ele também trouxe desafios para o futebol brasileiro como um todo. Muitos clubes, como o Corinthians, ainda não adotaram o modelo e seguem com uma gestão mais tradicional. Isso cria um desequilíbrio no mercado, com algumas equipes investindo pesadamente, enquanto outras enfrentam dificuldades financeiras.
Adson Batista, presidente do Atlético-GO, expressou preocupações sobre o impacto das SAFs no mercado. Ele acredita que a chegada de investidores com "dinheiro infinito" pode inflacionar os custos das contratações e criar uma competição desigual. Para ele, é fundamental que a CBF lidere um debate sobre fair play financeiro, a fim de garantir que os clubes mantenham uma gestão responsável e sustentável.
Apesar das críticas, o modelo SAF segue ganhando força, e a experiência do Botafogo serve como exemplo de como a modernização e a profissionalização podem trazer resultados positivos para o futebol brasileiro. O clube carioca se tornou um símbolo do que pode dar certo quando um investidor estrangeiro tem uma visão clara e estratégias bem definidas.
Por Thiago Guedes
