Bastidores da panela... de pipoca!

Por @thiagobotafogo - O Botafogo protagonizou uma jornada tumultuada no Brasileirão 2023, uma trajetória que se assemelhou ao estouro de uma panela de pipoca. E esses dois elementos realmente estiveram presentes: a panela, que se formou no elenco, e a pipoca que estourou no fim.

O clube começou como líder incontestável, mas viu suas chances de título escorrerem entre os dedos, terminando em um 5º lugar decepcionante, garantindo apenas uma vaga na fase prévia da CONMEBOL Libertadores 2024. Mas quem foram os responsáveis por essa derrocada histórica?

Os bastidores da panela do Botafogo

Obviamente que uma panela se forma quando a falta de comando prevalece. O centroavante Diego Costa, contratado em agosto, desabafou após o jogo, apontando falta de "humildade e maturidade" no elenco e mencionando um clima de "oba-oba". Segundo "GE", essas declarações não foram bem recebidas pelos companheiros de equipe, evidenciando um ambiente conturbado nos bastidores do clube.

O domínio de Luís Castro e a reviravolta inesperada

A saída repentina de Luís Castro, líder do Botafogo na primeira metade da competição, para o Al Nassr, no auge da campanha, foi um ponto crucial. Deixando o time no topo, sua partida para a Arábia Saudita por um salário substancialmente maior abalou a estabilidade e desencadeou a queda vertiginosa.

Bruno Lage e a tentativa frustrada de continuidade

O convite a Bruno Lage para dar continuidade ao trabalho de Castro foi uma aposta que não vingou. Sob sua gestão, decisões polêmicas, como a exclusão de Tiquinho Soares, provocaram descontentamento entre elenco e torcida, culminando em sua demissão após três meses no cargo. 

Ao herdar uma vantagem de 11 pontos, Lage também se viu diante da ansiedade crescente de um ambiente que, apesar da visão do título, temia não alcançá-lo, encerrando um longo jejum sem conquistas nacionais. A pressão de manter um padrão de pontuação excepcional, agradar uma equipe já estabelecida como vencedora e solucionar problemas inerentes a um campeonato prolongado foram desafios cruciais. No meio disso tudo, acabou sucumbindo.

Sua postura na coletiva após a derrota para o Flamengo foi desastrosa, mostrando-se emocionalmente abalado e tomando decisões que não agradaram, como a exclusão de Tiquinho Soares, uma peça chave do time, no jogo contra o Goiás.

O clima tenso que se instaurou, em grande parte por suas ações, não pode eximir o departamento de futebol de sua responsabilidade. Faltou acompanhamento e suporte interno, revelando uma lacuna na estrutura de liderança do Botafogo. Como homem de confiança de Textor e substituto de um treinador que desempenhava múltiplas funções, incluindo interações com elenco, diretoria e outros setores do clube, Lage se viu sem uma base sólida para sustentação.

O que a torcida não esperava é que começava ai um bastidores estranhos dentro do clube.

Jogadores assumem o comando 

Quando os jogadores manifestaram descontentamento e sugeriram sua saída, a falta de percepção sobre as "loucuras" de Lage foi evidente. O português foi embora, e a falta de representatividade dos líderes foi evidente.

Nenhum dos treinadores conseguiu estabelecer um diálogo aberto e direto com o vestiário. As decisões relacionadas ao futebol estavam centralizadas em Textor, que, distante e preocupado com outros aspectos de sua holding de clubes, supervisionava à distância. Nesse vácuo de liderança direta e comunicação, os jogadores, intermediados por pessoas externas à direção do clube, decidiram pedir que Lúcio Flávio e Carli assumissem o comando da equipe. Essa ideia, possivelmente uma das mais prejudiciais para a perda do título, foi aceita sem muita contestação devido à falta de uma liderança direta e à ausência de diálogo com os atletas.

Assim como as vitórias consecutivas de Caçapa após a saída de Castro geraram pressão sobre Lage, as duas vitórias de estreia de Lúcio Flávio contra Fluminense e América-MG mascararam uma realidade evidente: sem experiência para o cargo, com uma comissão técnica improvisada e sem liberdade nem autoridade para implementar mudanças, a equipe inevitavelmente enfraqueceria sob o comando de Lúcio Flávio.

A cada partida, o time se deteriorava tanto técnica quanto emocionalmente. Derrotas sofridas contra Palmeiras e Grêmio minaram completamente a confiança de um elenco já fragilizado. Designado para executar tarefas simples, Lúcio Flávio não conseguia ler as necessidades das partidas decisivas. Ao não fazer rodízio no elenco, acabava por exauri-lo ainda mais durante a reta final do campeonato. Ironicamente, cometeu erros ao seguir exatamente o que lhe foi solicitado, sem compreender plenamente as demandas do momento.

Jogadores líderes sumiram após crise

Com as derrotas vindo, nenhum dos líderes do elenco (que pediram a saída de Lage e a efetivação de Lucio Flávio) assumiram o papel de puxar a responsabilidade. Todos se esconderam. Apenas alguns atletas como Danilo Barbosa e Tchê Tchê se dispuseram a falar com a imprensa, enquanto outros se mantiveram em silêncio, ampliando a sensação de desconexão entre time, comissão técnica e torcida.

Silêncio durou até o centroavante Diego Costa, contratado em agosto, desabafar após o jogo do Cruzeiro, apontando falta de "humildade e maturidade" no elenco e mencionando um clima de "oba-oba". Segundo "GE", essas declarações não foram bem recebidas pelos companheiros de equipe, evidenciando um ambiente conturbado nos bastidores do clube.

Rafael e os líderes da panela

As revelações dos bastidores feitas pelo site "GE" ajudam a entender os problemas internos que minaram a trajetória do Botafogo. Segundo portal, Rafael liderou um grupo que expressou descontentamento com a gestão técnica, enquanto Lucio Flavio, seu sucessor, não conseguiu impor sua liderança perante o elenco, enfrentando desafios para ser ouvido pelos jogadores.

Logo após a reportagem do "GE", o lateral-direito, por meio de story no Instagram, negou a informação de que ele seria um dos líderes do elenco no caso da demissão de Bruno Lage.

Só pra deixar claro que não liderei reunião nenhuma, nem jogando eu estou. Mas como hoje se coloca qualquer merda em qualquer lugar não me assusta. Mas se precisam achar um culpado podem me culpar.

Porém, fontes ligadas ao BotafogoHoje informaram que Rafael participou sim da reunião, sendo um dos líderes. Vale lembrar que em 3 anos no Botafogo, o jogador fez uns 2 bons jogos, passou por diversas lesões e aproveitou sua licença médica para produzir diversos conteúdos no Instagram.

John Textor e a controvérsia nos bastidores

O dono da SAF alvinegra, John Textor, desempenhou um papel controverso nessa trama. Suas críticas públicas à arbitragem e à CBF agitaram os bastidores do clube, criando um clima desfavorável, especialmente no desfecho da temporada. A ineficiência na gestão refletiu-se nas cinco trocas de técnicos, na falta de planejamento e nos reforços que não vingaram, expondo falhas na condução do departamento de futebol.

O pior. Alguns influentes torcedores compraram a ideia e começaram a usar isso como cortina de fumaça, enquanto o time ia derretendo em campo.

Último atrito: Tiquinho e a indireta à Diego Costa

No rescaldo da derrota contra o Internacional no Campeonato Brasileiro, o atacante Tiquinho Soares desempenhou um papel retórico, empunhando a bandeira da responsabilidade e defendendo a integridade do elenco do Botafogo. No entanto, sua fala, ao mesmo tempo que aponta para a unidade do time, parece um escape à pressão e fugir diretamente da questão levantada por Diego Costa.

Sua resposta evasiva à pergunta sobre se estava respondendo ao desabafo de Diego Costa é reveladora. Soares não nega nem confirma, apenas desvia, sugerindo que as palavras foram trocadas e que as interpretações variam conforme o momento. Esta é uma tentativa de neutralizar a importância das críticas de Costa, ignorando sua substância e direcionando o foco para a suposta solidez do grupo.

Veja palavras de Tiquinho Soares:

Primeiramente, queria pedir desculpa ao nosso torcedor. Acho que ele não merecia isso. É uma situação bem difícil, que acho que ninguém nunca viu. Sei que eles estão muito abalados, como a gente também está, com uma situação bem difícil. Vivemos momentos bem legais durante essa época, sonhamos bastante, não vou mentir, porque a gente acreditava.

Agora vou passar uma mensagem em nome do grupo, que foi um grupo de homens, de guerreiros e toda responsabilidade pelo que aconteceu é nossa. Sei que tem muita gente falando besteira aí, mas a gente é humilde, tem muito homem aqui. Só quero passar isso. Sei que é difícil, mas tenho certeza de que o Botafogo vai se recuperar, mas daqui para frente o time vai dar alegrias ao torcedor, em nome de Jesus.

A réporter perguntou:

É uma resposta ao desabafo do Diego Costa?

Tiquinho Soares respondeu:

Não. Acho que ele só trocou as palavras. Devido ao momento, as pessoas levam as palavras para um lado ou outro. Tem homens aqui no Botafogo, tem gente que honrou essa camisa e vai continuar honrando. Mais uma vez pedir desculpas ao torcedor.

O futuro incerto e lições a serem aprendidas

Após a temporada repleta de altos e baixos, o Botafogo enfrenta um momento de reflexão e reconstrução. As revelações dos bastidores destacam a necessidade de coesão e liderança, sinalizando a importância de aprender com os erros e buscar uma nova abordagem para ressurgir mais forte.

O futuro do clube permanece incerto, mas a temporada turbulenta de 2023 serve como um lembrete poderoso sobre os perigos da autossuficiência e a importância da humildade, planejamento e unidade em qualquer jornada esportiva. Que o Botafogo possa transformar essas lições em alicerces sólidos para um novo capítulo de sucesso em sua história gloriosa.

Para encerrar. O time não perdeu porque torcedor comemorou demais quando o time estava bem, principalmente nas redes sociais. O time perdeu porque a panela de pipoca estourou.