A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas ouvirá nesta quinta-feira (6), às 10h, representantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A iniciativa, proposta pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), vice-presidente da comissão, visa investigar as ações tomadas pela CBF para combater a manipulação de resultados no futebol brasileiro.
O contexto das investigações
Wilson Luiz Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, e Hélio Santos Menezes Junior, diretor de Governança e Conformidade da CBF, foram convocados para prestar esclarecimentos. O senador Girão, autor dos requerimentos (REQ 39/2024 e REQ 40/2024), destaca a importância de entender as medidas implementadas pela CBF frente às fraudes em apostas esportivas.
"Essas fraudes que estão desencadeando investigações em diversos estados, sendo que a mais conhecida é a Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo GAECO do Ministério Público de Goiás. Em 2022, o Brasil foi o país com mais jogos suspeitos de manipulação no mundo, com 152 eventos esportivos, sendo 139 partidas de futebol", enfatizou o senador.
A criação da CPI das Apostas Esportivas
A CPI das Apostas Esportivas foi instituída em abril de 2024 para investigar as denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro. A comissão, presidida pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO) e com o senador Romário (PL-RJ) como relator, é composta por 11 senadores titulares e 7 suplentes, com um prazo de 180 dias para concluir os trabalhos, previsto para 21 de outubro.
Confronto na CPI: Senador Carlos Portinho e Leila Pereira
No dia anterior, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) confrontou a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, durante seu depoimento na CPI. Portinho questionou a dirigente sobre a falta de um canal de denúncias na CBF, citando o caso de Lucas Paquetá, acusado de envolvimento em um esquema de apostas na Inglaterra.
Portinho destacou a necessidade de canais de denúncia eficazes na CBF para evitar que situações semelhantes ocorram no Brasil. "A ausência de um canal de denúncia claro, que proteja o denunciante, leva a suspeitas e prejuízos ao futebol brasileiro", argumentou.
Leila Pereira respondeu que buscaria o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, para apresentar qualquer denúncia que surgisse. No entanto, Portinho rebateu, enfatizando que a falta de um canal de denúncia adequado é o que leva denúncias a serem feitas diretamente à imprensa.
Consequências e implicações futuras
O senador Carlos Portinho criticou a falta de cooperação entre a CBF, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e os poderes públicos na tratativa de denúncias envolvendo apostas. Segundo ele, a criação de mecanismos claros e eficazes de denúncia é essencial para a integridade do futebol brasileiro.
Portinho ainda comentou sobre a necessidade de regulamentação da Lei de Apostas, aprovada recentemente, mas ainda sem regulamentação. Ele ressaltou que a CPI busca contribuir para a melhoria do futebol nacional, assegurando que protocolos e canais de comunicação estejam claros e acessíveis.
"Não podemos matar o mensageiro. A responsabilidade de investigar e provar as denúncias cabe à CBF, ao Ministério Público e ao STJD. A criação de mecanismos de denúncia claros e eficientes é fundamental para evitar prejuízos futuros ao nosso futebol", concluiu Portinho.