O embate entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) em relação ao jogo entre Brasil e Argentina, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, revelou uma intricada disputa nos bastidores do futebol brasileiro.
Segundo a recente reportagem de Diego Garcia para o UOL, a CBF assumiu o controle operacional da partida, deixando a federação estadual de fora. Esse movimento desencadeou uma série de atritos e declarações entre as partes envolvidas, evidenciando um confronto de interesses e competências.
Na última sexta-feira, Rubens Lopes, presidente da Ferj, manifestou seu descontentamento ao Juizado do Torcedor, afirmando que a federação não havia recebido nenhuma atribuição da CBF para participar da organização do evento, o que difere do que usualmente ocorre em situações dessa natureza.
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Lopes expressou sua consternação, alegando ter sido surpreendido por ações que considerou desrespeitosas e violadoras de princípios básicos de cooperação e respeito mútuo entre instituições. A falta de resposta ou consideração ao ofício enviado pela Ferj agravou a situação, gerando críticas contundentes aos métodos empregados pela CBF.
A Ferj ressaltou sua experiência na organização de eventos de grande porte no Estádio do Maracanã, atuando em conjunto com diversas entidades públicas e privadas. Entretanto, no caso em questão, a responsabilidade operacional, de segurança, tributária e financeira foi unilateralmente assumida pela CBF, deixando a federação de fora do processo decisório.
O descontentamento se agravou com os eventos prévios ao jogo, quando episódios de violência entre torcedores no setor Sul e ações enérgicas da polícia mancharam o evento esportivo. A questão da torcida mista foi questionada pelo Bepe, enquanto a Ferj se sentiu excluída da operação, e a CBF apontou o Consórcio Maracanã, administrado por Flamengo e Fluminense, como responsável pela operação do evento.
Esse embate evidencia não apenas uma disputa de poder entre instituições do futebol brasileiro, mas também lança luz sobre a complexa teia de relações e responsabilidades envolvendo a organização de eventos esportivos de grande porte. A falta de diálogo e a ausência de consenso entre as partes impactaram não apenas a gestão do jogo em si, mas também a segurança e a experiência dos torcedores.
À medida que o futebol continua sendo uma paixão nacional, fica evidente a necessidade premente de uma maior cooperação e alinhamento entre as entidades responsáveis pela sua organização. A transparência, o diálogo aberto e a definição clara de responsabilidades se mostram essenciais para evitar conflitos futuros e garantir o sucesso e a segurança dos eventos esportivos que tanto mobilizam o país.
Este capítulo de desacordo e conflito entre a CBF e a Ferj serve como um lembrete contundente da importância de uma gestão harmoniosa e colaborativa no mundo do futebol, algo que não apenas influencia o espetáculo esportivo em si, mas também reflete a essência da união necessária para o desenvolvimento e a excelência do esporte mais amado pelos brasileiros.
Leia a nota oficial da CBF
A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL vem prestar os seguintes esclarecimentos sobre os incidentes ocorridos no jogo Brasil x Argentina, realizado nesta terça-feira 21/11/2023, no Maracanã, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA 2023.
É importante esclarecer que a organização e planejamento da partida foi realizada de forma cuidadosa e estratégica pela CBF, em conjunto e em constante diálogo com todos os órgãos públicos competentes, especialmente a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Todo o planejamento do jogo, em especial o plano de ação e o de segurança, foram sim debatidos com as autoridades públicas do Rio de Janeiro em reuniões realizadas entre as partes.
Os planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública presentes (Polícia Militar RJ, SEPOL, Ministério Público, Juizado do Torcedor, Guarda Municipal, CET-RIO, Subprefeitura, Concessionária Maracanã, SEOP, etc.), dentre as quais a Polícia Militar do RJ, na primeira reunião realizada na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), no dia 16 de novembro de 2023, às 11:00h. Além dos planos de ação e segurança, os participantes da reunião trataram também de toda a montagem da operação da partida, contando com a participação de todas as partes diretamente envolvidas e responsáveis pela organização da partida e autoridades públicas.
Na segunda (20), o plano operacional para o jogo foi igualmente aprovado sem qualquer ressalva ou recomendação na reunião realizada no Estádio Maracanã, com a presença da CBF, representantes da CONMEBOL, da Polícia Militar RJ, das empresas responsáveis pela operação do Maracanã, e que operam mais de 70 jogos no estádio por ano, e outras autoridades públicas.
A realização da partida com torcida mista sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas, pois é o padrão em competições organizadas pela FIFA e CONMEBOL, como ocorre nas Eliminatórias da Copa do Mundo, na própria Copa do Mundo, Copa América e outras competições. Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF.
Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ.
Portanto, a CBF reafirma que foram cumpridos rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foram aprovados pela Polícia Militar RJ e demais autoridades.
Por fim, a única recomendação recebida pela CBF de qualquer autoridade pública ao longo de todo o período que antecedeu a partida entre Brasil e Argentina, foi uma recomendação do Ministério Público, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Ordem Urbanística da Capital, para que “NÃO realizem partidas de futebol no ano de 2023 com o formato de disponibilização da carga total de ingressos através de um tíquete eletrônico apresentado mediante exibição do aparelho de telefonia celular, tal como ocorrido na partida da final da Copa Libertadores no dia 04 de novembro de 2023” e que “Exijam no ano de 2023 dos torcedores que se aproximem das catracas a exibição de evidência física (tíquete de papel e/ou cartão de sócio torcedores) de que o torcedor possui um tíquete de ingresso para se aproximar das catracas do Estádio Mário Filho – Maracanã, de modo a evitar a invasão de torcedores que não possuam ingressos para assistir à partida.