Por Thiago Guedes
O futebol, além das emoções dentro de campo, também tem seus bastidores recheados de negociações, contratos e estratégias financeiras que muitas vezes passam despercebidas pelos torcedores. Recentemente, uma alteração no Documento de Registro Universal divulgado pela Eagle Football gerou grande repercussão no mundo esportivo, especialmente entre os botafoguenses. E tudo isso tem a ver com um valor que pode chegar a impressionantes R$ 590 milhões.
O que aconteceu?
Na última segunda-feira, 10 de fevereiro, a Eagle Football, grupo que detém os direitos do Botafogo, publicou um documento que chamou a atenção da imprensa francesa. Segundo esse registro, o Lyon, clube francês que também pertence ao grupo de John Textor, "garantiu" a transferência futura de direitos econômicos de três jogadores do Botafogo. O valor total desse acordo é de € 98,5 milhões (cerca de R$ 590 milhões).
A notícia gerou um grande alvoroço entre os torcedores do Botafogo, que logo começaram a questionar como essa movimentação pode afetar o futuro financeiro do clube e sua capacidade de realizar novos negócios.
O que está em jogo?
A princípio, o documento menciona que dois dos três jogadores envolvidos no acordo já são conhecidos: Luiz Henrique e Thiago Almada.
-
Luiz Henrique: O atacante foi vendido pelo Botafogo para o Zenit, da Rússia, por € 33 milhões, como foi acordado em sua transferência.
-
Thiago Almada: O meia foi emprestado ao Lyon sem custos, mas o clube francês tem a opção de adquiri-lo futuramente por € 23 milhões.
O grande mistério gira em torno do terceiro jogador, avaliado em € 32,5 milhões. Embora o nome não tenha sido revelado, a imprensa francesa especula que esse jogador possa ser Igor Jesus.
Esses valores representam o que o Lyon poderá pagar ao Botafogo em um futuro próximo, caso decida realizar a compra desses direitos econômicos. Isso significa que o clube brasileiro pode não ver esse dinheiro imediatamente, mas ele pode ser crucial para os rumos financeiros do Botafogo no longo prazo.
O que é um "caixa único"?
Uma das questões mais interessantes sobre essa negociação envolve o conceito de "caixa único" que John Textor, proprietário do Botafogo, tem aplicado nos clubes do seu grupo, a Eagle Football. O que isso quer dizer? Em termos simples, significa que qualquer valor proveniente de transações envolvendo os clubes da Eagle Football não pertence exclusivamente a um time, mas fica disponível para todos os clubes do grupo, o que já era de conhecimento dos botafoguenses.
Isso cria uma espécie de "fundo comum" no qual os recursos de diferentes clubes ficam compartilhados, sem distinção. No caso do Botafogo, por exemplo, o lucro com a venda de jogadores não irá direto para o clube, mas pode ser usado por qualquer um dos times pertencentes ao grupo Eagle, incluindo o Lyon.
Isso preocupa os torcedores do Botafogo?
Essa situação gerou preocupações entre os botafoguenses nas redes sociais, pois, com a aplicação do "caixa único", o lucro das vendas não fica integralmente no Botafogo. Alguns acreditam que isso pode dificultar a construção de um time competitivo no Brasil, já que os recursos financeiros podem ser redistribuídos entre outros clubes do grupo.
Além disso, os torcedores se perguntam se o Botafogo terá autonomia para realizar transferências de jogadores e se o lucro de suas vendas será devidamente investido no clube.
Vale lembrar que a transferência de direitos econômicos de jogadores do Botafogo para o Lyon é uma estratégia comum em grandes grupos empresariais no futebol. É uma situação que exige mais transparência e comunicação entre o clube e seus torcedores. Enquanto a dúvida sobre o futuro dos recursos segue, o Botafogo deve continuar seu trabalho dentro de campo, buscando construir uma equipe forte e competitiva.
Por Thiago Guedes
