Por Thiago Guedes
O início de 2025 tem sido desafiador para o Botafogo. Após conquistar títulos importantes em 2024, como a Libertadores e o Campeonato Brasileiro, muitos acreditavam que o clube começaria o novo ano com o astral nas alturas. No entanto, o que se vê até agora é um time que luta para encontrar estabilidade, enfrentando dificuldades internas e externas.
Com um início de temporada sem técnico, sem reforços de peso e com uma gestão que parece distante das necessidades do time, o Botafogo vive um período de provação. Esse cenário tem causado frustração tanto entre os jogadores quanto entre os torcedores, que temem um retrocesso após um ano de conquistas.
Neste artigo, vamos explorar as dificuldades que o clube enfrenta e tentar entender o que está acontecendo com o Botafogo em 2025. Será que o time conseguirá superar os desafios e continuar a trajetória de sucesso que começou no ano passado?
2025: Um Ano de Desafios para o Botafogo
O Peso do Passado: Do Trauma ao Triunfo
Após um 2023 marcado por frustrações e um desempenho abaixo das expectativas, o Botafogo se reinventou em 2024. Com um elenco talentoso e uma campanha memorável, o time conquistou a Libertadores e o Campeonato Brasileiro, enchendo os corações de seus torcedores de esperança e orgulho.
No entanto, o início de 2025 está distante de ser o reflexo desse sucesso. Ao invés de uma continuação natural dos bons resultados, o clube se vê mergulhado em uma crise de planejamento, que tem afetado diretamente o desempenho da equipe dentro de campo.
O Problema do Técnico: A Falta de Decisões
Uma das principais críticas que o Botafogo tem recebido é a demora na contratação de um novo treinador. Depois da saída de Artur Jorge, no final de 2024, o clube seguiu com um técnico interino, Carlos Leiria, que mostrou dificuldades em lidar com as pressões do cargo.
Leiria, que não tem experiência suficiente em clubes da dimensão do Botafogo, enfrentou dificuldades para encontrar soluções táticas para a equipe. Além disso, suas escolhas em jogos importantes foram bem questionadas, com mudanças de escalação que parecem prejudicar o desempenho do time, como a decisão de escalar Patrick de Paula na lateral direita em vez de Rafael Lobato, que vinha fazendo boas atuações.
Mas o problema não é só o técnico interino. A falta de uma definição clara sobre o futuro do comando técnico tem gerado um clima de incerteza no clube. Sem um líder com visão clara e capaz de implementar uma filosofia de jogo consistente, o Botafogo segue à deriva, e a torcida começa a perder a paciência.
O Desafio da Gestão: John Textor e as Críticas
Outro fator que tem gerado insatisfação entre os torcedores é a postura do dono da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), John Textor. O empresário norte-americano tem sido criticado por sua falta de presença e por não demonstrar comprometimento com o início de temporada.
A ausência de um planejamento claro para 2025 é visível, e o desprezo de Textor pelo Campeonato Carioca, uma competição importante para o clube, só aumenta a frustração da torcida. Se o próprio dono não demonstra interesse no início da temporada, como esperar que jogadores e torcedores se engajem da mesma forma?
Textor, que esteve presente para celebrar as conquistas de 2024, tem sido menos visível em momentos de dificuldade. Isso tem gerado um distanciamento entre a direção do clube e a sua torcida, que sente a falta de apoio e de uma liderança firme neste momento de turbulência.
O Impacto no Campo: A Torcida e os Jogadores
O Espírito da Torcida: A Perda de Confiança
Para os torcedores do Botafogo, o começo de 2025 tem sido um balde de água fria. Depois de tantos altos em 2024, o clima de otimismo deu lugar à frustração e à dúvida. A falta de decisões claras da diretoria, somada aos problemas no campo, tem afetado diretamente a relação do torcedor com o clube.
O Botafogo, que em 2024 era visto como um time imbatível, hoje tem que lidar com a pressão de manter sua posição de destaque, mesmo sem uma base sólida para isso. Os torcedores, que vivenciaram um ano de glórias, agora se perguntam se o clube terá fôlego para repetir os bons desempenhos.
O Impacto nos Jogadores: A Pressão e a Responsabilidade
Dentro de campo, os atletas também enfrentam um clima de insegurança. Jogadores como Marlon Freitas, que foram protagonistas nas vitórias de 2024, têm que lidar com críticas intensas por parte da torcida. Eles vivem um cenário onde as expectativas são altíssimas, mas as condições para seguir com bons desempenhos são precárias.
A ausência de reforços de peso e a falta de um treinador que tenha a confiança do elenco dificultam a continuidade do bom trabalho feito no ano anterior. Como já mencionado, até mesmo os jogadores têm assumido responsabilidades táticas que não são suas, o que evidencia o vazio de liderança que paira sobre o Botafogo neste início de 2025.
A Visão de Especialistas: O Que Falta para o Botafogo?
A Crítica de Ana Thaís Matos
A comentarista Ana Thaís Matos, do Grupo Globo, é uma das vozes que mais tem cobrado John Textor pela demora em definir um novo técnico. Em suas análises, ela destaca que o clube precisa dar respostas rápidas à sua torcida, que, embora ainda esteja comemorando os títulos de 2024, exige mais ações concretas para que o time se mantenha competitivo. Ela critica a postura do dono da SAF, apontando que ele precisa se mostrar mais presente e dar as respostas que a torcida espera.
Ele [Leiria] é o famoso “estou fazendo o que posso, e estou podendo pouco”, porque o time tem dificuldades, alguns desfalques, jogadores que deixaram o clube… Ele está fazendo realmente o que pode fazer dentro da limitação e da realidade dele como treinador. Errado é quem está deixando ele tanto tempo no comando. E aí eu acho que entra a figura do John Textor. Já que ele centraliza tanto, tem que dar as caras, porque está sumido. Quando o time está bem, ele aparece, vai no Nilton Santos, dá volta olímpica, a torcida chama pelo nome dele… Ele precisa dar as caras sim, precisa dar a resposta para esse torcedor. Embora tenha ganhado o Campeonato Brasileiro e a Libertadores e o torcedor do Botafogo esteja feliz, o ano começou. O futebol brasileiro é quarta e domingo, e ele precisa aparecer e precisa dar resposta, sim, para esses torcedores.
O Diagnóstico de Richarlyson
Richarlyson, ex-jogador e comentarista do “Troca de Passes”, também tem demonstrado preocupação com a situação do Botafogo. Para ele, o clube está atrasado em seu planejamento, especialmente em relação à contratação de um novo técnico. O ex-jogador considera que a demora em definir o futuro do time pode prejudicar a temporada, comprometendo a sequência de bons resultados.
É um Botafogo que me preocupa. Me preocupa porque a gente fala em memória cognitiva, daquilo que era o Botafogo de 2024, mas eu vi poucas vezes isso acontecer, principalmente nos grandes jogos. E isso me preocupa. Se você pegar o jogo contra o Flamengo, que na minha opinião foi o mais difícil que o Botafogo enfrentou nesse começo de temporada, foi totalmente dominado. No primeiro tempo, então, foi absurdo o que o Botafogo não criou e o que o Flamengo criou. No segundo tempo, eu acho que até por causa do resultado, o Flamengo deu uma tiradinha do pé e o Botafogo também teve mais um pouquinho mais de atitude diferente do que foi o primeiro. Mas isso tem me preocupado, porque essas demoras de contratações, essa forma com que o Botafogo tem lidado, principalmente com o treinador, eu vou voltar a ser repetitivo. Eu entendo, compreendo, aceito, porque o presidente John Textor faz aquilo que ele quiser do clube que ele é dono. Mas eu não acho que se faça futebol dessa maneira.
Para mim, o Botafogo está atrasado. E quando você não tem um treinador, depois de dez rodadas já, um título já que disputou e as rodadas do Campeonato Carioca, para mim está atrasado esse planejamento. Eu não vejo um planejamento feito para o Botafogo.
Por Thiago Guedes
