Artur Jorge, o nome que ecoou nos estádios brasileiros em 2024, vive um momento de glória e incerteza. Após conduzir o Botafogo a uma temporada histórica, com as conquistas da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, o treinador português foi condecorado em seu país de origem. Mas será que a história de sucesso no Brasil terá um novo capítulo em terras europeias?
A consagração de um trabalho titânico no Botafogo
A condecoração de Artur Jorge é um reconhecimento justo por um trabalho excepcional. O treinador português transformou o Botafogo em uma máquina de vencer, superando gigantes do futebol brasileiro e sul-americano. Em seu discurso, Jorge exaltou a união do grupo, a competitividade do Campeonato Brasileiro e a importância de trazer uma nova visão para o futebol brasileiro.
No momento em que abracei este projeto, este desafio que me foi colocado pelo Botafogo, parti com muita ambição e determinação de poder ter sucesso. Mas superou todas as minhas expectativas. Fui para um campeonato extremamente competitivo, que exige muito do trabalho que temos de ter enquanto treinador, do ponto de vista da equipe, de jogos, do número de competições. Mas foi também uma prova de superação, para podermos ter a consistência necessária para poder vencer um Brasileirão, a capacidade e a coragem para podermos sair vencedores da Libertadores, onde todos os jogos foram de um grau de exigência elevado. Acaba por ser um resultado feliz para mim. Chegar hoje e ter este reconhecimento do país é ainda mais importante. Seguramente que me abre portas e a ambição para poder continuar a lutar por mais. Futuro? O meu futuro é Botafogo. Tenho contrato. O que posso dizer ao dia de hoje é que continuo sendo o treinador do Botafogo.
O chamado da Europa
A glória no Brasil, no entanto, não passou despercebida no Velho Continente. Clubes europeus, incluindo um de Portugal, demonstraram interesse em contar com os serviços do treinador. Apesar das sondagens, Artur Jorge mantém os pés no chão e afirma que seu foco está no Botafogo. O treinador ressalta a importância do projeto esportivo e a necessidade de avaliar cuidadosamente as propostas que possam surgir.
Tivemos uma temporada extraordinária, onde fomos capazes de blindar um grupo de trabalho que teve um comportamento de excelência. Queríamos dar o nosso melhor pelos três troféus em disputa. Sabíamos que era uma temporada extremamente difícil, face ao que é um campeonato onde existem oito ou nove equipes que são candidatas ao título. Conseguimos criar um grupo que teve um desempenho acima da média, mas um grupo com uma união extremamente coesa, que fez com que fosse possível atingir e lutar por esses objetivos, que são altos e os mais desejados. Sendo um clube centenário, tem outro valor, um sentimento e satisfação maiores ainda. Acrescentamos uma página dourada na história do clube. Fomos, muitas vezes, correr lado a lado com o perigo, [também] por chegarmos ao jogo com o Palmeiras e estar em igualdade pontual. Um campeonato onde o equilíbrio foi muito e a margem de erro foi sempre mínima. Mostramos muita capacidade enquanto equipe e a mentalidade ganhadora parece-me ter sido a chave do sucesso, termos trazido uma escola portuguesa, aproveitando todo o potencial do futebolista brasileiro.
É uma questão sempre muito pertinente [poder sair e “queimar” o que conquistou no Botafogo], tendo em conta a leitura que precisamos fazer relativamente à nossa zona de conforto e ao sucesso de uma temporada. Neste momento, não será esse o critério para decidir o meu futuro, uma vez que tenho procurado criar condições para avaliar o projeto em mãos na próxima temporada. Para mim, muito pesa o projeto esportivo. De continuidade, ou de encontrar um projeto que me traga objetivos diferentes ou momentos de superação que me possam desafiar. Estar aqui hoje sendo reconhecido por um país inteiro é um momento ímpar. Mas essa será sempre uma questão a avaliar nos próximos dias. A temporada de 2025 começa rapidamente. Sobre as questões relacionadas com eventuais propostas, tivemos sim uma abordagem de Portugal para perceber qual era o ponto de situação. O meu empresário tem sido o principal responsável por fazer uma triagem de forma a perceber quais as situações mais viáveis, para equilibrar o nosso desejo, a nossa vontade, e o poder desfrutar.
Partilho da opinião daquilo que é alguma desvalorização do Campeonato Brasileiro. Preferiria ficar no Brasil a trocar por algumas equipes europeias. Senti, e deu-me imenso gozo, poder treinar no Brasileirão. Mesmo com a condicionante de haver muitos jogos pelo meio, de viagens muito longas, a minha paixão implica a competitividade. E nunca senti tanto isso quanto no Brasil. Para mim, é um campeonato com valor imensurável e que contraria, muitas vezes, o nosso pensamento enquanto europeus. Sobre o futuro? O meu futuro é Botafogo, mas tudo pode acontecer. E também não lhe posso dizer se o contacto da equipa portuguesa foi da parte do Sporting. Houve contatos de alguns clubes, inclusive do Catar.
E agora, qual será o próximo capítulo desta história?
Artur Jorge vive um momento único em sua carreira. A consagração no Brasil e o interesse dos clubes europeus o colocam em uma posição de destaque no cenário mundial. A decisão sobre seu futuro será crucial para a sua carreira e para o futebol brasileiro.
Independentemente do caminho que escolher, uma coisa é certa: Artur Jorge já fez história no Botafogo e deixou sua marca no futebol mundial. Mas o Glorioso não irá desistir facilmente de manter o treinador...