Clube uruguaio pede punição à Conmebol após atos de violência de torcedores no Rio de Janeiro e gera debate sobre segurança e fair play no futebol sul-americano.

A partida entre Botafogo e Peñarol, válida pelas semifinais da Copa Libertadores, foi marcada por cenas de violência e vandalismo protagonizadas por torcedores uruguaios. Os atos de depredação e confronto com a polícia geraram grande repercussão e colocaram em xeque a segurança e o fair play no futebol sul-americano. Diante dos acontecimentos, o Peñarol adotou uma postura polêmica e pediu à Conmebol que banisse clubes brasileiros de competições continentais.

O Caos no Rio de Janeiro

No dia do confronto, torcedores do Peñarol promoveram um verdadeiro quebra-quebra no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Quiosques foram depredados, ambulantes agredidos e confrontos com a polícia foram registrados. A violência se estendeu ao Estádio Nilton Santos, onde o setor visitante foi completamente destruído.

A Reação do Peñarol

Diante dos fatos, o Peñarol se manifestou e condenou a violência praticada por seus torcedores. No entanto, o clube uruguaio foi além e adotou uma postura bastante critica em relação às autoridades brasileiras, alegando que houve excesso de força policial e que a justiça brasileira é parcial.

O Peñarol informa aos seus sócios e torcedores que nos próximos dias se pronunciará oficialmente sobre o ocorrido no Brasil nas horas que antecederam a chegada da delegação e dos torcedores para a partida diante do Botafogo, assim como todos os esforços que realizou e medidas adotadas.

Lá comunicaremos principalmente sobre a fixação do ponto de encontro que foi estabelecido unilateralmente pela Polícia do Brasil na reunião que se teve com o Consulado Uruguaio e a equipe de segurança do Peñarol; e também sobre a situação dos 35 carros contratados e pagos pelo Peñarol, em virtude da empresa decidir não enviá-los ao ponto de encontro, como consequência do risco de incêndio de um ônibus uruguaio neste local.

Esse não é um momento para fazer declarações públicas que possam prejudicar a prioridade absoluta do clube neste momento, que é a situação dos torcedores que permanecem presos no Brasil, para sua liberação e breve retorno ao Uruguai.

Decidimos evitar qualquer ação que interfira com o processo judicial que está acontecendo, até que se tenham detalhes sobre as condições em que se desenvolverá o mesmo. A prioridade número um para o Peñarol é atender a situação dos torcedores presos e que possam voltar o quanto antes. É por isso que o clube tem cuidado dos custos da defesa legal dos detidos e do retorno dos torcedores cujo ônibus foi incendiado.

Definido isto, logo o Peñarol tomará com firmeza e contundência todas as ações necessárias perante as autoridades do Brasil, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e as autoridades do futebol continental para denunciar todo o ocorrido e que apareçam os responsáveis.

Não é a primeira vez que ocorrem esse tipo de fatos repudiáveis no Brasil, mas nunca antes com essa magnitude. Peñarol será enérgico em visibilizar essas situações em conjunto com todas as instituições que têm sofrido nesses últimos tempos para isso acabe de uma vez por todas. O clube agradece as reiteradas manifestações de solidariedade de instituições e presidentes da região que estão enfrentando situações desse tipo no Brasil, e o desejo de começar um caminho em comum para erradicar esses lamentáveis episódios.

Peñarol entende e reconhece que é importante manter seus torcedores e sócios informados, mas, agora, qualquer comunicado oficial pode afetar o processo judicial de nossos torcedores que estão no Brasil.

Além disso, o Peñarol anunciou sua intenção de se unir a outros clubes argentinos para solicitar à Conmebol que imponha punições aos clubes brasileiros, impedindo-os de mandar seus jogos em casa nas próximas edições da Libertadores. Veja o que disse Evaristo González, membro do conselho diretor do Peñarol, ao programa Polideportivo“, do “Canal 12“:

Não é a primeira vez que isso acontece no Brasil. Acredito que o Peñarol tem que se mexer, junto com clubes da Argentina que viveram situações semelhantes, para ir à Conmebol e propor que o Brasil inteiro tenha uma punição exemplar, ou perca a localidade por dois anos, que vão jogar no Paraguai, ou que realmente o Brasil aprenda uma lição pelo que está acontecendo. A vida é o principal, se ir para o Brasil é um risco de vida…

É uma indignação total que o ponto crucial da detenção sejam “falas racistas”. Claro que não estou de acordo, mas não há presos do lado brasileiro. Se tivesse tido 200 ou 300 detidos, que foi o mínimo de pessoas que nos insultaram e nos atacaram, haveria alguma paridade. Mas parece que a lei não é igual para todos no Brasil. Uma coisa são as pessoas que cometeram atos delitivos e estão detidas, tudo bem, terão o peso da lei, e outra muito diferente é tudo que tiveram que viver torcedores e famílias que estavam lá, que nada tinham a ver.

Foram cerca de 300 delinquentes, porque não eram apenas torcedores do Botafogo, eram de Fluminense, de Flamengo, com paus e armas. A verdade é que ninguém aqui está querendo justificar o que fizeram esses delitivos, mas havia 235 pessoas presas, das quais 25% eram mulheres e crianças, e nos levaram como se fossem os piores. Mas não prenderam nenhum brasileiro.

Não quero que nossa Polícia maltrate os torcedores, jogue gás de pimenta ou coloquem suas vidas em risco, como aconteceu lá [no Brasil]. Não defendemos delinquentes, defendemos o direito de qualquer torcedor de ir ao jogo. Havia crianças, pessoas idosas, que foram cercados, tudo isso planejado pela Polícia. Tivemos sorte de hoje não estarmos lamentando nenhuma morte. Restaram 21 presos. Ontem [sexta} um saiu porque não tinha antecedentes. Os que continuam estão sendo acusados de racismo. A Justiça no Brasil é parcial.

As Consequências para o Peñarol

Os atos de violência praticados pelos torcedores do Peñarol tiveram diversas consequências. Além dos prejuízos materiais causados aos estabelecimentos comerciais e ao estádio, a imagem do torcedor uruguaio foi manchada.

A Conmebol ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, mas a expectativa é que a entidade máxima do futebol sul-americano tome alguma medida para punir os responsáveis pelos atos de vandalismo.

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