Mauro Marcelo, que também é torcedor do Palmeiras, ironizou as alegações da empresa de tecnologia "Good Game!"
Um relatório recentemente enviado à Procuradoria da Justiça Desportiva revelou conclusões contundentes sobre a acusação de manipulação no futebol brasileiro. O auditor do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Mauro Marcelo de Lima e Silva, conhecido por seu papel no inquérito, declarou as provas apresentadas por John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, como "imprestáveis".
Em suas 52 páginas de análise, Mauro Marcelo propôs sanções severas, incluindo multas que totalizam R$ 2 milhões e uma suspensão de 2.430 dias para John Textor - uma das punições mais severas na história do STJD. O caso agora será avaliado pelo colegiado, que decidirá sobre as medidas a serem adotadas.
Em uma citação marcante do relatório, Mauro Marcelo, que também é torcedor do Palmeiras, ironizou as alegações da empresa de tecnologia "Good Game!", que promete identificar manipulações em jogos com uma precisão superior a 99%. Ele comparou a tecnologia a uma fusão entre o "Nostradamus dos esportes" e o "Sherlock Holmes dos algoritmos", em um tom que reflete sua postura crítica em relação às evidências apresentadas.
O relatório detalha que John Textor, ao apresentar os relatórios da "Good Game!", teria difamado a honra de sete entidades desportivas (Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Fortaleza, Bahia, Grêmio e Atlético-MG), nove atletas e nove árbitros. Além disso, Mauro Marcelo identificou infrações éticas e questionou a motivação pessoal por trás da solicitação do inquérito.
Como parte de suas recomendações, o auditor solicitou que o relatório seja encaminhado às autoridades policiais do Rio de Janeiro e de São Paulo, à Procuradoria Geral de Justiça do Rio de Janeiro, e que seja traduzido para o inglês antes de ser enviado à Divisão de Integridade da Fifa.
Confira o texto divulgado pelo STJD:
O inquérito instaurado para apurar as denúncias do dono da SAF Botafogo, John Textor, de manipulação de resultados em partidas do Campeonato Brasileiro foi concluído e liberado nesta sexta, 5 de julho, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol. Presidido pelo auditor do Pleno, Mauro Marcelo de Lima e Silva, o relatório conclusivo conta com mais de 50 páginas e indica como “imprestáveis” as provas apresentadas por Textor, além de destacar ilícitos desportivos praticados pelo sócio majoritário do Botafogo contra atletas, clubes e árbitros. A conclusão foi encaminhada para a Procuradoria da Justiça Desportiva.
Sem apresentar provas e, com base em uma empresa de inteligência artificial, John Textor publicou texto em 01º de abril de 2024 afirmando que o jogo entre e Palmeiras e São Paulo, realizado em outubro de 2023, foi manipulado por ao menos cinco jogadores do São Paulo.
As denúncias de John Textor foram contestadas no STJD do Futebol por representações feitas por Palmeiras, São Paulo, Associação de atletas e dos árbitros e gerou o pedido de abertura de inquérito feito pela Procuradoria.
O inquérito de número 121/2024 foi presidido pelo Auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva. Durante o inquérito, John Textor apresentou as “provas irrefutáveis” que alegava possuir. Após uma minuciosa análise, o Auditor processante concluiu que as provas eram “imprestáveis” e configuravam ilícitos desportivos contra a honra praticados por John Textor contra sete entidades desportivas, nove atletas e nove árbitros. Além disso, foram constatadas infrações contra a ética desportiva e a motivação pessoal na solicitação da instauração do inquérito.
Na conclusão do relatório, o Auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva descreveu as condutas ilícitas praticadas por John Textor e recomendou a aplicação de penalidades de multa e suspensão, as maiores já propostas na história do STJD. O relatório conclusivo com sugestão de denúncia foi encaminhado para a Procuradoria.
STJD enfrenta críticas após divulgação de relatório confidencial
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) viu-se envolvido em uma polêmica após a divulgação indevida de um relatório confidencial. O documento, elaborado pelo auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva, deveria ter protegido os nomes de atletas e árbitros acusados por John Textor, acionista da SAF do Botafogo, de suposta manipulação de resultados. No entanto, ao publicá-lo, o STJD não ocultou adequadamente essas identidades, permitindo que fossem facilmente acessadas através de simples operações de copiar e colar.
Em resposta às críticas, o STJD não reconheceu a falha, absteve-se de pedir desculpas e sustentou que não houve quebra de sigilo. Segundo eles, o auditor retirou o sigilo ao enviar o relatório na íntegra para as partes envolvidas, argumentando que o objetivo inicial era evitar constrangimentos desnecessários para aqueles mencionados, mas não oficialmente acusados, por Textor. No entanto, a divulgação inadvertida expôs nomes de jogadores e árbitros, potencialmente comprometendo investigações em andamento.
O especialista Marcelo Santiago, advogado com expertise em direito esportivo, comentou sobre as possíveis repercussões dessa falha:
Se informações protegidas por sigilo são reveladas, mesmo que de forma não intencional, isso pode ser considerado uma quebra de sigilo. Quando um documento é destinado a manter certas informações confidenciais e falha nesse propósito, podem surgir várias implicações legais e práticas.
O portal "GE" destacou que a exposição inadvertida de informações sigilosas pode acarretar consequências severas, incluindo sanções legais e processos por danos causados às partes afetadas, além de impactar negativamente o processo investigativo e a reputação dos envolvidos.
Este episódio sublinha a importância da segurança e da responsabilidade na gestão de informações sensíveis dentro do âmbito esportivo. A transparência adequada, aliada à proteção eficaz de dados confidenciais, é essencial para preservar a integridade das investigações e o respeito às partes envolvidas.
Controvérsias no STJD e a Proteção dos Envolvidos
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) é amplamente reconhecido como a instância máxima na administração da justiça desportiva no Brasil. No entanto, recentemente, uma série de eventos questionáveis levantou sérias dúvidas sobre a transparência e a competência deste órgão crucial para o equilíbrio e a integridade do esporte nacional.
Um dos episódios mais emblemáticos envolveu John Textor, acionista da SAF do Botafogo, que fez uma denúncia formal ao STJD sobre manipulação de resultados. Textor agiu de maneira responsável ao encaminhar suas preocupações tanto ao tribunal quanto à polícia, preservando a identidade dos envolvidos. No entanto, o que se seguiu foi uma exposição pública inesperada por parte do STJD, revelando detalhes sensíveis do caso, incluindo nomes de jogadores e árbitros.
Um relatório emitido pelo auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva, que teve um histórico de posicionamentos controversos e conflituosos com torcedores do Botafogo, apresentou uma falha grave: a divulgação inadvertida de nomes que deveriam estar protegidos. Esta falha permitiu que informações confidenciais, cobertas no documento oficial, fossem acessíveis através de simples copiar e colar, comprometendo a privacidade e a segurança dos envolvidos.
Entre os nomes expostos estavam jogadores de clubes como São Paulo e Fortaleza, além de uma extensa lista de árbitros, conforme revelado pelo site "GE". Esta falta de cuidado na proteção das identidades dos denunciados levanta questões sérias sobre a capacidade do STJD de operar de maneira justa e diligente. Como podemos confiar em um órgão que não consegue salvaguardar informações cruciais em casos sensíveis como este?
Mais preocupante ainda é a reação inicial do STJD, que não apenas expôs inadvertidamente os envolvidos, mas também propôs uma punição severa a John Textor antes mesmo de uma investigação apropriada por parte das autoridades competentes. Essa abordagem precipitada não apenas compromete a credibilidade do tribunal, mas também sugere um descompasso alarmante entre suas práticas e os padrões de justiça esperados pela sociedade.
Os nomes dos investigados mencionados no texto são:
- Jogadores de Fortaleza na época: Juninho Capixaba, Tinga, Marcelo Benevenuto e Fernando Miguel.
- Jogadores do São Paulo na época: Diego Costa, Rafinha, Beraldo e Caio Paulista.
- Árbitros mencionados: Raphael Claus, Ramon Abatti Abel, Rodrigo José Pereira de Lima, Rafael Rodrigo Klein, Rafael Traci, Wagner do Nascimento Magalhães e Sávio Pereira Sampaio.
Senador solta o verbo
A crítica contundente do senador Carlos Portinho, membro da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, reflete a indignação generalizada perante o relatório do STJD. Portinho destacou que a punição sugerida por Mauro Marcelo superaria aquelas aplicadas em casos comprovados de manipulação, evidenciando um desequilíbrio e uma falta de discernimento nas decisões do tribunal.
Em um momento em que a integridade do esporte é constantemente desafiada por práticas questionáveis, é imperativo que instituições como o STJD ajam com responsabilidade, transparência e imparcialidade. A proteção dos denunciantes e dos envolvidos em casos de manipulação deve ser uma prioridade absoluta, garantindo que a busca pela verdade e pela justiça não seja comprometida por falhas administrativas ou decisões precipitadas.
Em suma, o incidente envolvendo John Textor e o STJD serve como um lembrete crítico da necessidade urgente de reformas e melhorias no sistema de justiça desportiva brasileiro. A confiança do público e dos participantes do esporte depende da capacidade do STJD de aprender com seus erros, corrigir suas falhas e reafirmar seu compromisso com a integridade e a equidade em todas as suas decisões.
Veja o que escreveu Carlos Portinho:
Imagina se todo denunciante de um caso de possível manipulação de resultado no futebol fosse condenado, banido por longo período do esporte e a pagar multa milionária – nunca antes aplicada nem mesmo em comprovados casos de manipulação😮. O q aconteceria??Respondo: casos de manipulação nunca mais seriam denunciados….🤔
Sim. Manipulação de resultados existe, está presente no Brasil, ha atletas Brasileiros condenados e investigados em casos recentes aqui e no mundo.
Sim. Neste especifico ainda mais há indícios q no mínimo justificam uma investigação. Ainda q esteja 99% errado ou totalmente, uma denuncia é um alerta (no mínimo) e não pode ser nunca desprezada.
Matar o mensageiro então…🤦🏼não haverá mais denuncias!! Sequer um mero canal de denuncias há para proteger o mensageiro. Tampouco há o interesse da organização maior do futebol no Brasil, cujo Tribunal administrativo lhe pertence e responde a tudo isso com o pior gesto.
A negação é o pior sintoma. Tenho dito.
Azar do Futebol.
Leila Pereira volta a atacar John Textor: ‘É um irresponsável’
Em uma declaração ao portal "GE", Leila Pereira, presidente do Palmeiras, não poupou críticas a John Textor. Segundo ela, o relatório apresentado pelo procurador Mauro Marcelo, do STJD, não faz senão reforçar as preocupações levantadas previamente sobre o comportamento do empresário norte-americano.
"O relatório reforça o que temos falado nos últimos meses sobre o sr. John Textor. Trata-se de um irresponsável que precisa ser punido exemplarmente pelos crimes que tem cometido contra pessoas, clubes e entidades", afirmou Leila Pereira ao "GE".
A presidente do Palmeiras não se conteve em suas críticas, destacando que as denúncias feitas por Textor são falsas e baseadas em provas manipuladas, as quais, segundo ela, apenas prejudicam a credibilidade do futebol brasileiro.