O confronto entre Botafogo e o auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva levanta questões sobre a integridade do futebol nacional

Em um longo e polêmico texto publicado em seu site, John Textor, acionista da SAF do Botafogo, trouxe à tona uma série de acusações e questionamentos direcionados ao auditor do STJD, Mauro Marcelo de Lima e Silva. Este episódio reacendeu o debate sobre a transparência e a imparcialidade na justiça esportiva brasileira, especialmente quando envolve figuras de grande influência no futebol.

Mauro Marcelo de Lima e Silva: Imparcialidade em Cheque

John Textor, em sua publicação, apontou uma série de comportamentos que colocam em dúvida a imparcialidade do auditor Mauro Marcelo. Segundo Textor, o auditor, que tem uma conhecida identificação com o Palmeiras, sugeriu uma suspensão de seis anos e uma multa de R$ 2 milhões para o empresário americano devido às acusações de manipulação de resultados. Textor não poupou críticas, afirmando que o auditor parece estar "agindo de acordo com a agenda de outra pessoa".

Vazamento de Informações e a Quebra de Sigilo

Outro ponto crítico levantado por John Textor foi o vazamento de informações sigilosas, o que lançou dúvidas sobre a imparcialidade de Mauro Marcelo de Lima e Silva. Segundo Textor, o auditor, que é torcedor do Palmeiras, discutiu asperamente com torcedores do Botafogo e pediu uma punição severa para o empresário americano: seis anos de suspensão e uma multa de R$ 2 milhões. Essas ações foram vistas por muitos como um possível conflito de interesse.

Textor não se limitou a criticar a atuação de Mauro Marcelo. Ele também destacou a quebra de sigilo, atribuindo o vazamento dos nomes envolvidos no inquérito a um erro do próprio STJD. "Confio que o STJD arquivará este inquérito," afirmou Textor, expressando sua confiança na justiça desportiva, apesar das controvérsias.

Veja nota oficial de John Textor:

Aos Torcedores do Glorioso Botafogo e a todos que amam o futebol no Brasil:

No que diz respeito ao muito bem divulgado relatório do Auditor cessante do Tribunal Desportivo, Sr. Mauro Marcelo de Lima e Silva, é preciso, primeiramente, salientar…

​É fato sem precedentes, em qualquer sociedade civilizada, que um denunciante que solicita uma investigação seja punido, especialmente quando há alegações confiáveis baseadas em depoimentos de especialistas.

Sérias perguntas devem ser feitas sobre o Auditor do STJD, Sr. Mauro Marcelo de Lima e Silva, que parece estar agindo de acordo com a agenda de outra pessoa. Além das penalidades desproporcionais recentemente sugeridas em seu relatório, fico consternado pelo fato de que a minha procura, de boa-fé, pela elucidação de fatos e elementos de manipulações de partidas tenham motivado acusações graves contra mim. 

É de amplo conhecimento que aleguei a possibilidade de existência de erro material, parcialidade e/ou manipulação de partidas, que podem ter contribuído significativamente para beneficiar o Palmeiras em 2023. Também é sabido que a dirigente do Palmeiras Leila Pereira sugeriu, sem analisar qualquer um dos documentos que levantei, que eu deveria ser banido do esporte no Brasil. Agora, o Sr. Mauro Marcelo de Lima e Silva, cuja afeição pelo Palmeiras tem sido bem divulgada por meio de suas fotos pessoais, comete a ação impensável de punir um presidente de clube simplesmente por ter solicitado, de maneira confidencial, uma investigação envolvendo, ainda que indiretamente, o clube que o Sr. Mauro Marcelo parece apoiar.

O que sempre busquei foi uma investigação séria, imparcial e técnica sobre a manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro. E, em todas as oportunidades que tive, solicitei às autoridades brasileiras que os elementos que levantei fossem tratados como sigilosos por envolver nomes de terceiros. 

Lamento profundamente que o relatório elaborado pelo Sr. Mauro Marcelo de Lima e Silva tenha, deliberadamente, divulgado os nomes de potenciais envolvidos, além de ter publicizado o teor da documentação em análise no Inquérito, que contém dados sensíveis e informações confidenciais. 

Os elementos de manipulação de partidas foram fornecidos pela Good Game!, expert independente que conta com grande confiança dos principais órgãos governamentais europeus, federações esportivas (como a Union of European Football Associations – UEFA), empresas de apostas e governos. 

Sempre tive o cuidado de não fazer alegações específicas contra qualquer clube, jogador ou árbitro de jogo, pois segui o protocolo do STJD para solicitar uma investigação. No entanto, o auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva, já em 14.03.2014, muito antes de avaliar o material que coletei, deixou claro que eu deveria ser punido por ter solicitado tal investigação.

O relatório elaborado pelo Sr. Mauro Marcelo de Lima e Silva carece da independência e imparcialidade necessárias. O documento é enviesado e contém carga de subjetividade jamais vista em qualquer ato praticado pelas autoridades brasileiras que também analisam o assunto atualmente. 

O que apresentei no Inquérito Desportivo não difere do que já submeti à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Desportivas (“CPI”), e ao Ministério Público, autoridade competente para investigação de crimes e fraudes no âmbito do futebol brasileiro. Tanto na CPI, quanto no Ministério Público, as investigações estão em andamento e sob uma análise detalhada, diante da quantidade de documentos produzidos.

Até o momento, nunca me foi permitido fazer uma apresentação do material coletado com a colaboração dos especialistas. Aliás, há uma semana recebi uma lista de 35 (trinta e cinco) perguntas do Sr. Mauro Marcelo de Lima e Silva e fui solicitado a responder. Apesar do absurdo das perguntas, que deixavam claro que eu havia me tornado seu alvo de investigação, fiquei feliz de o diálogo ter finalmente sido aberto. Meu advogado pediu alguns dias para concluir nossas respostas, mas o Sr. Mauro Marcelo negou o pedido e o relatório da “investigação” foi concluído e apresentado como “final”.

 Diante de tal errônea investigação e de um relatório infundado, alguns fatos importantes devem ser observados e ressaltados:

Eu nunca fiz qualquer alegação contra um clube, um jogador ou um árbitro específico. Minha única providência foi apresentar documentos, em especial de um expert com credibilidade e respeitado por órgãos governamentais e tribunais criminais em diversas jurisdições, e requerer que essa documentação fosse investigada pelo STJD, pelo Senado e pelos promotores criminais. 

Ao contrário do quanto afirmado pelo relatório, o Sr. Mauro Marcelo não conduziu uma investigação independente acerca da possibilidade de manipulação de resultados na Série A do Brasileirão, a partir dos elementos que eu forneci. Resta claro que o auditor do STJD não fez nenhum esforço para me entrevistar, na qualidade de denunciante, ou a Good Game!, autora dos relatórios que fazem prova. Não é possível afirmar que uma investigação começou se não há registro de uma única entrevista com o denunciante ou testemunhas indispensáveis.

Eu fiz diversos pedidos ao STJD para apresentar, em caráter confidencial, os documentos que coletei ao longo do tempo. Mas, todos os meus pedidos foram ignorados.

Eu também solicitei que os especialistas, autores dos relatórios que produzi, fossem convidados para apresentar as suas metodologias e conclusões ao STJD, incluindo vídeos em suporte. Contudo, esse pedido também foi ignorado.

Requerimentos para atribuição de confidencialidade ignorados: Eu repetidamente solicitei que as provas fossem produzidas em estrita aderência ao sigilo e aos protocolos de confidencialidade. Eu questionei o STJD, de modo a assegurar a confidencialidade antes que eu concordasse em submeter documentos com os nomes e identidades de pessoas envolvidas.

Na primeira vez que apresentei provas, em dezembro de 2023, eu tarjei os nomes e os números dos uniformes dos jogadores para ter certeza de que os direitos dos indivíduos envolvidos estavam protegidos.

É sabido, e de conhecimento público, que eu fui ameaçado de suspensão por não apresentar provas ao STJD, mesmo o STJD não me dando garantia de que a confidencialidade das partes envolvidas seria protegida.

Em 18.04.2024, auditores do pleno do STJD reconheceram em tratativas que o STJD não tinha, naquele momento, as ferramentas necessárias para proteger a confidencialidade das partes envolvidas. Concordou-se, então, que eu não deveria apresentar as provas até que se pudesse assegurar a proteção à confidencialidade.

No dia 04.06.2024, o Sr. Mauro Marcelo determinou que eu apresentasse as provas, incluindo documentos confidenciais, e eu cumpri.

Ao final, o STJD não estabeleceu protocolos de confidencialidade para apresentação ou apreciação de provas. A identidade de partes envolvidas foi, consequentemente, revelada publicamente em razão das decisões do Sr. Auditor Mauro Marcelo.

É irônico que esse mesmo auditor tenha agora sugerido que eu seja penalizado por acusações que eu não fiz contra partes que eu não nomeei e por meio de pedidos confidenciais para investigar relatórios emitidos por consolidados especialistas, confiáveis e admissíveis em juízo como prova. 

Especialistas Consolidados como fonte de prova: Os relatórios apresentados nas minhas manifestações confidenciais foram emitidos por experts líderes no emergente campo de detecção de manipulação de resultados. Eles têm sido engajados pela organização líder que governa o futebol na Europa, por autoridades judiciais e pela polícia em investigações e exitosas persecuções penais de manipulações de resultados no continente europeu.

A metodologia tem se mostrado eficaz, desde 2013, e tem sido considerada como admissível judicialmente, apresentada como prova em mais de 100 investigações em tribunais desportivos e inquéritos policias;

A metodologia é complexa e requer apresentação, com análise quantitativa por escrito, em comparação com a análise ativa de vídeo;

Cientificamente, considera-se que a metodologia detém 99% de certeza em suas conclusões e, de acordo com seu desenvolvedor, nunca se provou a produção de uma conclusão errônea da manipulação de partidas;

As perguntas, recebidas apenas recentemente do Auditor do STJD, revelam uma profunda falta de compreensão da metodologia adotada pelos especialistas, que poderia ter sido facilmente remediada pela apresentação solicitada (e negada) da prova.

 Questionável Auditor do STJD: Por razões desconhecidas e de difícil explicação, o Sr. Mauro Marcelo foi designado pelo STJD como Auditor Relator para conduzir a investigação de nossas alegações de que o Palmeiras recebeu um benefício desproporcional da combinação de viés prático, erro material e manipulação de jogos durante o Brasileirão de 2023.

O Sr. Mauro Marcelo demonstrou, em suas próprias redes sociais, uma óbvia afeição a favor do Palmeiras;

Em 14.03.2024, ainda no início de nossos pedidos pela abertura de investigações, o Sr. Mauro Marcelo já havia chegado a suas conclusões, afirmando que nossas reivindicações eram frívolas e não deveriam ser levadas a sério;

Desde então, o Sr. Mauro Marcelo se envolveu ativamente em discussões nas mídias sociais, usando linguagem inapropriada, para discutir com torcedores do Botafogo que o desafiaram por causa de sua óbvia relação com o Palmeiras;

Em qualquer procedimento sério, o Sr. Mauro Marcelo teria se recusado a participar como Auditor Relator do inquérito, ou nesse caso, ele deveria ter sido afastado do caso pela Presidência do STJD;

A punição que ele busca contra mim é exatamente a que vem sendo repetida publicamente pela dirigente do Palmeiras;

Afinal, o Palmeiras, que poderia ter sido objeto de investigação, se tornou a vítima, e o denunciante se tornou o alvo – simplesmente porque o STJD deu poder a um indivíduo que possui óbvio conflito de interesses para liderar uma relevante investigação.

 Investigação falsa: Como nunca fomos contatados para falar sobre os elementos que fornecemos, só podemos concluir que se tratou de uma investigação de fachada, com o único objetivo de me desacreditar como “denunciante”.

Apenas quatro dias antes da conclusão do relatório e da publicação de suas conclusões, fomos convidados a responder 35 perguntas;

Fui intimado das perguntas, somente em 01.07.2024, e, apesar de ter solicitado um prazo maior para respondê-las, ele já havia planejado rejeitar nossas reivindicações com um relatório “final”, surpreendentemente concluído apenas quatro dias depois, ainda que possuísse tantas perguntas sem resposta;

As perguntas foram claramente escritas com o auxílio de um concorrente do mercado de tecnologia, na tentativa de desacreditar a metodologia do expert que elaborou os relatórios que submeti- e ficou claro que as perguntas do Auditor do STJD não foram feitas em uma tentativa sincera de investigar, mas sim para apoiar um resultado predeterminado da investigação. Mesmo quando esperávamos ansiosamente pela oportunidade de revelar seu desconhecimento da metodologia e sua óbvia parcialidade, ele decidiu finalizar seu relatório sem esperar por nossas respostas;

Antes de nosso envolvimento no caso, inúmeros clubes de futebol no Brasil foram notificados como se estivessem sendo citados como acusados (o que é totalmente contrário a nossas afirmações) e foram incentivados a escrever manifestações no processo no sentido de condenar as nossas alegações, corroborando a necessidade de minha punição. Só é possível concluir que o processo confidencial do STJD foi modificado seletivamente para que as submissões confidenciais dos documentos fossem divulgadas aos clubes potencialmente afetados, a fim de recrutar oposição aos nossos pedidos de investigação. Clubes que acreditamos que foram vítimas de manipulação de jogos foram desonestamente informados de que estavam sendo acusados de irregularidades. Diante de tais solicitações intimidadoras de um auditor do STJD, eles não tiveram escolha a não ser acatar e se opor aos nossos pedidos de investigação.

 Após o esclarecimento acima dos fatos, vale refazer a cronologia dos fatos com o que foi apresentado às autoridades brasileiras para que minhas intenções não sejam mal interpretadas pelo STJD, demais autoridades e pelo público em geral. 

Estou disponibilizando abaixo uma breve linha do tempo com as principais solicitações que apresentei até o momento:

06.12.2023 (Processo 396/2023 – STJD): Pedido de investigação da SAF Botafogo, anexando relatórios do Good Game! sobre a conduta dos árbitros em diversas partidas do Campeonato Brasileiro de 2023.

11.03.2024 (Processo nº 54/2024 – Apenso 57 – STJD): Petição em resposta ao Ofício 143/2024, argumentando contra a determinação de apresentar provas criminais, pois o STJD não tem jurisdição sobre questões criminais, e citando meus direitos fundamentais de liberdade de expressão e de não autoincriminação.

22.04.2024 (Depoimento na CPI):Prestei depoimento na CPI, apresentando diversos vídeos e relatórios da empresa Good Game! sobre manipulação de partidas.

23.04.2024 (Inquérito 109/2024 – STJD): Solicitei a abertura de inquérito, informando que possuía documentos relevantes para os procedimentos em andamento e pedindo sigilo do material.

10.05.2024 (CPI): Apresentei novos documentos à CPI, incluindo vídeos, análises do Good Game! de partidas específicas e um relatório técnico sobre 170 partidas do Campeonato Brasileiro.

13.05.2024 (Medida Inominada nº 082/2024 – STJD): Apresentei uma petição contra o pedido do Palmeiras para que eu me abstivesse de mencionar o Palmeiras em relação à manipulação de resultados.

04.06.2024 (Inquérito 121/2024 – STJD): Petição disponibilizando documentação sobre manipulação de resultados em um link protegido por senha e solicitando sigilo nos autos.

06.06.2024 (CPI): Apresentação de novo requerimento à CPI, reiterando pedidos que fiz anteriormente e solicitando que os peritos da Good Game! sejam ouvidos na mesma data que o representante da Sportradar.

10.06.2024 (Inquérito 121/2024 – STJD): Petição informando a disponibilização da documentação solicitada pelo Sr. Mauro Marcelo no âmbito do Inquérito, com novo pedido de sigilo e fornecimento da senha para acesso ao link.

01.07.2024 (Inquérito 121/2024 – STJD): Petição solicitando 10 dias de prazo para apresentação das respostas para todas as 35 perguntas formuladas pelo Sr. Mauro Marcelo.

02.07.2024 (Inquérito 121/2024 – STJD): Despacho do Sr. Mauro Marcelo concedendo 2 dias para responder as 35 perguntas.

04.07.2024 (Inquérito 121/2024 – STJD): Petição solicitando mais prazo para a responder as perguntas, em especial diante do feriado americano de independência.

05.07.2024 (Inquérito 121/2024 – STJD): O Sr. Mauro Marcelo indefere a concessão de prazo e emite o relatório.

 Como se pode notar, a situação como um todo é verdadeiramente preocupante. Confio e espero que a Procuradoria do STJD não acatará a denúncia e arquivará o Inquérito Desportivo.

Jorge Iggor e as Críticas ao Auditor do STJD

A voz crítica de Jorge Iggor, narrador do TNT Sports, ecoou as preocupações de Textor. Em um vídeo publicado em seu canal, Iggor criticou duramente a postura de Mauro Marcelo de Lima e Silva, especialmente pelo uso de "tons chulos" em discussões com torcedores do Botafogo nas redes sociais. Segundo Iggor, o relatório pedindo uma punição tão severa a Textor é sem precedentes na justiça esportiva brasileira e pode abrir precedentes perigosos.

Iggor também questionou a eficácia dos relatórios de inteligência artificial utilizados por Textor, considerando-os frágeis. Ele alertou que o STJD, ao pedir uma punição tão rigorosa, pode acabar enfrentando um "contra-ataque duríssimo", dado os "flancos bem expostos" em sua argumentação.

Eu concordo com vários pontos desse relatório. O botafoguense vai ouvir e dizer que quero descredibilizar o Textor, que não quero que se apure condutas possivelmente ilícitas, que se passe a limpo o futebol brasileiro. Se você acha isso, só tenho a lamentar. Vou dormir da mesma forma, ter que pagar as contas do mesmo jeito, não posso controlar a opinião do outros. Para mim, Textor entrou em terreno em que é difícil provar sem qualquer outros elementos materialidade, dolo, má intenção, esquema, fraude, com relatório de inteligência artificial apenas. A meu ver, é insuficiente. Se acho que não existe manipulação? Eu acho que pode existir. Mas precisamos comprovar à luz das nossas leis, esportivas, criminais, existem processos para condenar alguém. Não foram seguidos pelo Textor, é no que estou me baseando.

Reações e Consequências

A reação ao caso não se limitou aos envolvidos diretamente. O Fortaleza, citado por John Textor em suas denúncias, emitiu uma nota oficial repudiando os processos apresentados pelo STJD, qualificando-os como "sem provas". O clube reafirmou sua confiança nos jogadores e expressou indignação com a maneira como o inquérito estava sendo conduzido.

Leia abaixo a nota oficial:

O Fortaleza Esporte Clube comunica que teve acesso ao inquérito desportivo de nr. 121/2024, publicado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportivo do Futebol (STJD). No documento não consta nenhum tipo de acusação ao clube e aos atletas. Na verdade, somos citados como vítimas em três artigos que “ofendem a honra, de forma contrária à ética desportiva, por erro grosseiro ou sentimento pessoal”.

Nossa instituição, centenária e de história honrada no futebol brasileiro e continental, preza por valores morais e éticos desde a sua fundação. Repudiamos processos apresentados sem provas, e lutamos sempre a favor de um futebol justo e competitivo, dentro e fora das quatro linhas.

Confiamos na índole do nosso Capitão Tinga, e demais atletas citados com passagem pelo nosso clube (Juninho Capixaba, Marcelo Benevenuto e Fernando Miguel), que sempre honraram a camisa do Tricolor de Aço. E como o próprio STJD atesta no inquérito instaurado a partir de pedido do Procurador Geral da Justiça Desportiva (Proc. 084/2024 – apenso), a “documentação não oferece efetivamente nada com embasamento e rigor científico”.

O Fortaleza Esporte Clube confia na Lei e, que acusações sem as devidas provas sejam julgadas e que os culpados arquem com suas consequências, incluindo a exposição pública do clube e atletas. Por fim, nos colocamos à disposição da justiça para qualquer tipo de esclarecimento oficial.

Portal “GE” Comete Gafe e Escândalo Envolvendo John Textor Explode

No sábado (6/7), o portal “GE” causou uma grande polêmica ao publicar um post no perfil do “GE Botafogo” no X (antigo Twitter). A postagem compartilhava um texto opinativo do comentarista Maurício Saraiva, onde ele criticava John Textor, dono da SAF do Botafogo, e pedia “pena máxima” para o empresário.

GE Botafogo e a Gafe no X

Neste sábado, 6 de julho, o portal “GE” se viu no centro de uma controvérsia ao compartilhar um post no perfil do “GE Botafogo” no X. O post, que trazia um texto do comentarista Maurício Saraiva, não deixava claro que se tratava de uma opinião e ainda utilizava uma imagem de comemoração de gol do Flamengo, exacerbando a situação.

No blog, Maurício Saraiva, comentarista da RBS TV – afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, fez duras críticas a John Textor, chamando-o de “boquirroto” e “nefasto”, e defendeu uma punição máxima ao empresário. Segundo Saraiva, Textor havia feito acusações graves e irresponsáveis contra clubes, jogadores e árbitros brasileiros, e merecia ser banido do futebol.

A postagem gerou uma reação em cadeia. A torcida organizada Loucos Pelo Botafogo repudiou as afirmações do auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva, do STJD, que recomendou uma multa de R$ 2 milhões e uma suspensão de seis anos para Textor. A organizada questionou a imparcialidade do auditor, que é um torcedor declarado do Palmeiras.

Reação Política

O senador Carlos Portinho (PL-RJ), membro da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, também criticou o relatório do auditor Mauro Marcelo, afirmando que o STJD estava "varrendo sujeira para debaixo do tapete". Portinho sugeriu que a denúncia contra John Textor fosse arquivada e alertou para uma possível vergonha maior perante o CAS (Corte Arbitral do Esporte) caso a punição fosse mantida.

Clubes Envolvidos e suas Posições

No relatório de Mauro Marcelo, são citados diversos clubes, incluindo Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Fortaleza, Bahia, Grêmio e Atlético-MG, todos suspeitos de manipulação de resultados. Palmeiras e São Paulo pediram penas severas para John Textor, enquanto o Atlético-MG questionou os métodos usados pela empresa “Good Game!”, que apontaram indícios de manipulação.

O auditor sugeriu uma punição recorde para Textor, com uma suspensão de 2.430 dias e multas que totalizam R$ 2 milhões. Agora, cabe à Procuradoria do STJD decidir se irá prosseguir com a denúncia contra o empresário americano.

Palmeiras:

A Sociedade Esportiva Palmeiras, representada por sua presidente, ratificou formalmente os termos da Notícia de Infração apresentada contra o presidente do Botafogo SAF, Sr. John Textor, perante o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Informou a agremiação serem infundadas as acusações feitas pelo Sr. Textor, o qual questionou a integridade do futebol brasileiro e da arbitragem do Campeonato Brasileiro organizado pela CBF e sugeriu favorecimentos ao Palmeiras nas temporadas de 2022 e 2023. O clube ponderou considerar tais declarações irresponsáveis e capazes de incitar violência entre torcedores, baseando-se em um relatório de uma empresa não certificada para análise de futebol profissional. Informou ainda que o Palmeiras adotou medidas legais contra o Sr. Textor, incluindo a abertura de um inquérito policial e uma ação judicial para produção antecipada de provas, visando apurar as alegações difamatórias e proteger sua reputação. O clube também apresentou documentos pertinentes, juntados ao presente Inquérito para embasar suas alegações e demonstrar seu compromisso com a transparência e a integridade esportiva. Ainda segundo o clube, aludido posicionamento reflete a determinação do Palmeiras em defender sua honra e a do futebol brasileiro contra as infundadas acusações passíveis de comprometer a credibilidade das competições desportivas nacionais.

São Paulo:

O Presidente do São Paulo Futebol Clube compareceu para prestar esclarecimentos devidamente intimado e ratificou o teor da Notícia de Infração 085/2024, apensa ao presente Inquérito Desportivo. Em seu depoimento, reforçou as acusações contra o Sr. John Textor, proprietário da SAF Botafogo, destacando que as declarações irresponsáveis de Textor, publicadas em sua página na internet, chocaram a comunidade desportiva pela falta de provas. Textor alegou, sem qualquer evidência, que atletas do São Paulo Futebol Clube anipularam o resultado da partida contra o Palmeiras, realizada em 25 de outubro de 2023, o que caracterizou grave ofensa à honra da instituição e dos jogadores envolvidos. O Presidente destacou que tais acusações não foram feitas no calor do momento, mas publicadas meses após a partida, de maneira deliberada, consciente e estratégica. Textor afirmou que “pelo menos cinco jogadores são-paulinos manipularam o resultado da partida”, o que não só ofende a honra dos atletas do São Paulo Futebol Clube, mas também incita ao ódio e à violência. Conquanto instado pela Procuradoria de Justiça Desportiva a apresentar provas das alegações de manipulação de resultados, Textor não forneceu qualquer evidência, postura que colocou em risco a integridade do campeonato e de seus patrocinadores. O Presidente enfatizou que as ações de Textor extrapolam os limites da liberdade de expressão e clamou por uma punição adequada para restaurar a integridade da competição e enviar uma mensagem clara de que tais atos não serão tolerados, reafirmando o compromisso com a justiça, a integridade e a dignidade no esporte.

Flamengo:

O Flamengo, através de seus advogados, respondeu às acusações do dono do Botafogo, Sr. Textor, sobre a suposta manipulação de resultados e benefícios de arbitragem em uma partida de 2023. O clube destacou que o relatório usado como prova foi unilateral e produzido pelo próprio acusador. A análise do VAR e de especialistas confirmou a legalidade dos gols questionados. O Flamengo reafirmou a imparcialidade dos árbitros, contratados pela CBF, e concluiu que as acusações são infundadas, resultantes da insatisfação do Botafogo pela derrota.

Fortaleza:

O Fortaleza Esporte Clube, representado por seu presidente Alex Xavier Santiago da Silva, apresentou uma resposta formal em relação às declarações do Sr. John Textor, proprietário da SAF Botafogo, que acusou a lisura do futebol brasileiro, a arbitragem do Campeonato Brasileiro, e a idoneidade de entidades desportivas e atletas profissionais. Textor sugeriu supostos favorecimentos no Campeonato Brasileiro de 2022 e 2023 sem fornecer evidências. O Fortaleza esclareceu que tais acusações são infundadas e ofensivas, incitam ódio e violência entre torcedores e causam descrença na integridade das competições. O presidente asseverou que Textor não apresentou provas para sustentar suas acusações, mas somente um relatório elaborado pela empresa “Good Game”, contratada pelo próprio dirigente. Referido relatório, baseado em uma ferramenta de inteligência artificial, carece de força probatória, pois a empresa não possui certificação no mercado de futebol profissional. Diante disso, o Fortaleza considera necessária a denúncia desse senhor pelo STJD, ressaltando a importância de preservar a honra das instituições e dos atletas. O clube reiterou seu compromisso com a integridade do futebol brasileiro e se colocou à disposição para qualquer providência adicional necessária.

Bahia:

Esporte Clube Bahia – SAF, representado por seu advogado, respondeu com surpresa e estranheza ao Ofício n° 512/2024 do STJD. O clube questiona a expertise da empresa Good Game, que identificou um suposto fato grave. O Bahia reafirma seu compromisso contra a manipulação de resultados, realizando ações educativas para manter a integridade do futebol. O clube confia plenamente em seus jogadores e equipe técnica, e nega qualquer manipulação na partida contra o Grêmio em 2023. O Bahia se dispõe a colaborar com as investigações, solicitando seriedade e rapidez na apuração dos fatos.

Grêmio:

Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nega qualquer envolvimento em manipulação de partidas no Campeonato Brasileiro de Futebol. Após análise detalhada do relatório da empresa “Good Game”, contratado pelo Sr. John Textor, dono do Botafogo, o Grêmio não identificou irregularidades nos lances apontados como anômalos ou potencialmente anômalos na partida contra o Esporte Clube Bahia em 1º de julho. O clube reforça que seus jogadores atuaram conforme suas funções e objetivos dentro do jogo, e que não houve facilitação por parte dos adversários. O Grêmio destaca sua história de integridade e ética no esporte, questiona a clareza e objetividade da metodologia usada pela “Good Game” e solicita que essas considerações sejam levadas em conta na avaliação do inquérito.

Atlético-MG:

O Atlético Mineiro, através de seu Diretor-Presidente Bruno Muzzi, respondeu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) em relação às acusações de manipulação de resultados feitas pelo sócio majoritário do Botafogo, Sr. John Textor. As acusações de Textor baseiam-se em relatórios da empresa “Good Game”, que alegam manipulação de arbitragem, incluindo uma partida entre Atlético e Botafogo em 16.09.2023, onde o Atlético teria sido beneficiado. O Atlético Mineiro declara não ter conhecimento dos fatos imputados por Textor e destaca que a produção de provas é responsabilidade do acusador. O clube também aponta que os métodos de análise utilizados no relatório são complexos, exigindo sistemas ou empresas altamente especializadas para uma possível contraposição. O Atlético ressalta a gravidade das acusações, afirmando que a elucidação é de interesse de todos os envolvidos no futebol que prezam pela lisura e transparência no esporte. Por fim, o Atlético Mineiro destaca a importância da vigilância constante dos princípios fundamentais do esporte conforme a Lei Geral do Esporte e afirma que, no momento, não dispõe de elementos suficientes para uma análise técnica do laudo apresentado, reservando-se o direito de contestá-lo em momento processual oportuno.

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