Técnico falou sobre a situação envolvendo sua saída do clube
O técnico Luís Castro recebeu muitas vaias e xingamentos da torcida do Botafogo após o empate em 1 a 1 com o Magallanes nesta quinta-feira (29/6), pela Copa Sul-Americana. Após o jogo, o treinador deu uma entrevista coletiva na sala de imprensa do estádio Nilton Santos e falou sobre diversos assunto.
Abaixo, confira trechos da coletiva do técnico Luis Castro.
Coletiva Luis Castro - Botafogo 1x1 Magallanes
Veja trechos da entrevista coletiva de Luis Castro após o empate do Botafogo em casa.
Saída do campo sozinho
Eu não saí porque não queria sair acompanhado com meus jogadores. O xingamento é para mim, os jogadores serão defendidos por mim até o limite. Eu não queria sair com meus jogadores, queria sair sozinho, poderiam me xingar à vontade sozinho, os jogadores não estão envolvidos em processo nenhum. Sou eu que dou a cara por eles. Dizem que há vários tipos de líder. Para mim, só há um líder, que é aquele que cuida, que influencia, que tem valores humanos envolvidos em sua liderança. Por isso que fiquei para trás sozinho.
Os tiros vêm para mim, não só para eles. Eles fizeram o máximo. O que eles se aplicam nos jogos, nos treinos, meus jogadores nunca devem ser xingados por ninguém. Peço a toda a torcida que nunca xingue os torcedores do Botafogo, nunca!
Influência no resultado
Qualquer dia ainda se diz que Real Madrid não ganhou a final da Champions porque a CBF estava interessada no Ancelotti. Só falta dizer isso (risos). Quem está por dentro do futebol sabe as dinâmicas instaladas – disse Luís Castro, no fim da entrevista coletiva.
Projeto
O projeto do Botafogo não existia três meses atrás, quando a comunicação queria me mandar embora? Um bom projeto não pode depender de uma só pessoa. Não pode! O término do projeto é o final do campeonato? Eu sou fundamental num projeto? Por que não colocam minha cláusula em R$ 50 milhões para eu sair?
Nós, quando elaboramos um contrato, sabemos o que estamos assinando, em qualquer profissão. Se não queremos que algumas cláusulas estejam no contrato, nós não assinamos. Eu saí do Al-Duhail (para o Botafogo) porque havia uma cláusula. Existem vários projetos que o deixamos passar. Eu deixei o do Al-Duhail.
Ditadura saudita
Tenho uma profissão e nunca tive uma ação política na minha vida. Portanto, não vou me pronunciar sobre isso. Transporto muito os valores comigo, não respondo pela ação de mais ninguém, nem do governo brasileiro, nem do governo espanhol, etc…
Legado
Minha vinda para cá foi para reorganizar o clube, para formarmos um elenco competitivo, lutar por algo maior do que estávamos fazendo, era um clube que estava vindo da Série B, com vários problemas, não tínhamos campo de treino, um estádio com gramado problemático e colocamos mãos à obra. Conseguimos um lugar para treinarmos, fomos até o Lonier e hoje conseguimos vestiários para todos os lugares, abandonamos compartimentos de dois, três blocos, hoje temos refeitórios. Os campos também tivemos que colocar mãos à obra e felizmente hoje temos um estádio renovado, com melhores condições, temos um elenco que continua na Sul-Americana, que está em primeiro lugar no Brasileirão e me deixa muito feliz. Todos foram muito importantes, não foi só eu importante.
O conceito de família não se centra numa pessoa. Muitas vezes numa família um pai precisa ir ao estrangeiro para sustentá-la. Não precisam todos estar juntos para estar. Se eu partir amanhã, sei que o conceito de família Botafogo estará instalado. Nas famílias e nas organizações, o que mais interesse é o perfil das pessoas que se contratam. Fique ou parta, o Botafogo é muito maior do que as pessoas. O Botafogo terá um caminho de prestígio, jamais será maltratado como foi antes. O Botafogo hoje é um clube respeitado, porque cresceu ao longo dessa condição. Se pertencem à família, não maltratem os elementos que pertencem a essa família.
Por que não comunicou ao Botafogo sua saída?
Compreendo o trabalho de vocês. No filme, o principal ator ainda não subiu ao palco. Eu sou o principal ator. Quando eu me pronunciei? Eu já disse publicamente que havia interesse, já comuniquei ao dono do clube que havia interesse. Não havendo proposta oficial, não havendo conversa entre os clubes, o que posso dizer? Proposta oficial chegou ontem, ia me comunicar a quem, com um jogo hoje? Chegou a proposta oficial, amanhã me sento com um clube para tomarmos uma decisão. O timing certo é esse. Eu não posso dizer que vou sair ou não ser nem uma proposta oficial.
Sai ou fica?
Na terça tive uma reunião com Textor em que falamos sobre o momento do clube, sobre a vitória que havíamos alcançado contra o Palmeiras, falamos da próxima janela e falamos do interesse que podia haver do Al-Nassr em mim. Foi comunicado que não havia nenhuma proposta oficial na altura e decidimos então voltar a ter uma conversa após uma reunião entre meu agente e meu advogado se houvesse uma proposta oficial. Essa reunião será amanhã, portanto só vou tomar uma decisão após uma reunião entre meu agente, meu advogado e o clube. A reunião foi clara com o dono do clube, os termos foram determinados por nós e é tudo que posso dizer nesse momento.
Oportunidade
Quando aparecem oportunidades de trabalho, você analisa ou as coloca de lado? Depende, né? Nós não podemos ser hipócritas. Todos vocês procuram suas melhorias de vida, procuram o melhor para os vossos filhos, para darem as melhores condições de vida para ele. Se eu sair, se o Tchê Tchê sair, se o Mazzuco sair, se o Alessandro saírem, o Botafogo vai continuar.