Treinador falou sobre diversos assuntos e explicou mudanças no Bota

O técnico Bruno Lage deu sua primeira entrevista desde que deixou jogadores, funcionários e dirigentes do Botafogo atônitos quando, após a derrota para o Flamengo no dia 2, anunciou em uma coletiva de imprensa que estava "colocando o cargo à disposição". O treinador detalhou ao portal ge o que o levou a tomar essa decisão inusitada e falou sobre outros assuntos.

Abaixo, confira mais declarações do treinador Bruno Lage ao "GE".

Entrevista Bruno Lage - "GE" 

A reportagem completa com Bruno Lage foi ao Globo Esporte nesta terça-feira (12). Confira aqui a primeira parte e abaixo mais trechos.

Entrevista polêmica

O que eu quis dizer foi que um treinador sair em primeiro lugar e chegar outro, sempre gera uma desconfiança se o projeto vai realmente ter alguma continuidade. Os processos estão tendo continuidade, e os resultados vão acontecer. Esse momento já ficou no passado. Estamos todos juntos. Eu estou com alma e coração no Botafogo, que o torcedor não tenha dúvidas disso. Por eu ter feito um contrato de pouca duração, podem achar que eu vim aqui para fazer trampolim. Eu senti isso nas primeiras coletivas, mas não é nada disso.

Estou com a minha cabeça no Botafogo, quero fazer os jogadores evoluírem e não precisei vir para fazer trampolim. Eu vim porque realmente acreditei que as minhas ideias e no projeto do John (Textor). Ele é uma pessoa muito ambiciosa que quer fazer do Botafogo um clube ainda mais grandioso, vencedor e não apenas por um momento, mas si.

Ansiedade

Eu quero que meus jogadores se sintam confortáveis em todos os momentos. É uma pressão enorme no Botafogo e todos nós sentimos isso, o peso que é treinar e representar o torcedor do Botafogo. É uma ansiedade máxima. Repito que os jogadores foram os primeiros que acreditaram que poderiam fazer algo especial, é só recordar a forma que o Nilton Santos tem enchido nos últimos jogos. Há essa ansiedade que nós temos que saber conviver quando se está em uma equipe grande e que luta pelo título.

Mudanças

Por força das circunstâncias, nos jogos que nós fizemos, nós tivemos sempre que mudar. Ou por lesão ou por suspensão. Mas há um jogo em que não mudamos e entramos com a equipe que vinha dando certo. E curiosamente foi o nosso pior jogo, contra o Cruzeiro.

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Evitar Excessos

Tem que haver pressão máxima no treinador e nos jogadores no que é representar o Botafogo. Tem que haver uma ansiedade normal, quer da parte deles, quer dos torcedores, a algo que ainda falta muito, mas pode ser conquistado e foge há 28 anos. O que acho que é que não pode haver ansiedade extra porque hoje coloca o Sauer, amanhã o Tchê Tchê em outra posição, depois acolá, haver essa ansiedade extra.

O que fiz de forma muito clara é “este vou ser eu sempre, a tomar as melhores decisões para o Botafogo”. Quero pressão máxima. Andamos assim no Benfica durante seis meses, em que tínhamos a vantagem de um ponto com pressão enorme e batemos todos os recordes. Mas o que eu sinto é que não pode haver uma ansiedade extra só porque você está fazendo uma coisa nova. Porque a coisa nova também funciona. Duas vezes saíram pontas nossos do banco e conseguimos viradas, alterações já programadas para o intervalo.

União entre jogadores

A forma com que o Botafogo joga em equipe, corre, perde a bola e toda a equipe ajuda. Tem momentos em que as coisas não estão tão bem, mas a equipe está unida para quando as coisas melhorem, voltem a sorrir todos juntos. Isso é possível ver na energia dentro de campo, na energia quando comemoram um gol, quando os reservas saem do banco para comemorar. É isso que nós prezamos, que eles não percam isso, continuem unidos e para que a torcida continue apoiando desde o primeiro momento, porque ela tem sido realmente fantástica nesse apoio.

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Jaime Graça

Quando ele faleceu, cedo demais, pedi para sair do Benfica. Tinha que respirar outro ar (...) Quando se começam a discutir os nomes, precisava ter um Jaime na minha vida. É a homenagem que faço a ele, muito merecida.

As coisas estavam tendo um rumo crescente. Contra o Santos, não tínhamos Eduardo e Cuesta, foi 2 a 2 e começou: “Por que o treinador não festeja o gol? Fica parado?”. Perguntinhas muito sobre mim. Eu sou um cara de emoção, no treino as coisas têm que estar a mil. Eu só choro pelos meus filhos e pelo Jaime (Graça), ali (no campo) é diferente. No treino, eles sabem que comigo tem que haver sempre um rigor, uma determinação muito forte.

Contrato com o Bota

Tive a oportunidade de conhecer o John (Textor) e falamos do futebol sem pensarmos que poderia um dia acontecer esta vaga no Botafogo. Depois, passado um tempo, nós nos conhecemos quando aconteceu a saída do Luís (Castro). E o convite passou por isso: dele nos apresentar o projeto neste sentido de termos uma base de jogadores experientes, que andam por volta dos 28, 29 e 30 anos e alguns já com 31, 32 e 33, e queremos, simultaneamente, preparar o futuro com esta gente. Por isso, eu tenho aqui pelo menos 12, 13 ou 14 jogadores com enorme potencial.

Presente e Futuro

Com tempo, paciência e trabalho certo, podem ser eles os próximos jogadores a dar suporte a este projeto, porque nestes projetos tem que se vencer no imediato, mas também tem que se preparar para o futuro. Vamos até o final da temporada e depois vamos entendendo o que é que pode acontecer. Aquilo que eu sinto de coração é que encontrei um clube muito bem-organizado pela estrutura, com profissionalismo enorme.

E depois os recursos humanos de todos os departamentos, que são de enorme competência. Na Europa, todos eles teriam uma oportunidade de fazer carreira, porque realmente são pessoas com enorme capacidade. E a minha paixão foi esta. Primeira foi o Botafogo e estar aqui trabalhando com estas pessoas. Por isso, posso dizer que estou completamente ambientado. Parece que estou aqui há dois ou três anos pela relação humana que vou tendo com as pessoas e pela dinâmica de trabalho que nós, eu e minha comissão técnica, construímos com os vários departamentos.

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Sua marca

Não tenho ego assim tão grande de querer chegar ao fim e falar que foi à minha maneira. Sinto que não pode haver ansiedade extra porque você está a fazer algo de novo.

Botafogo 24 horas

O que mais perguntam é se já fui à praia, se conheço a praia, se sei qual é a praia. Até dezembro não vou à praia. Visitei o único lugar que queria, trouxe até uma recordação, que é o Cristo Redentor.

Tem que ter muitos quadros táticos, porque é aqui que começamos a preparar o jogo seguinte. São eles próprios que vão dizendo os pontos fortes deles, os pontos menos fortes. Fazemos nossa avaliação e ajudamos que a evolução aconteça.

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Controle Emocional

No meio disso, desta emoção toda, do jogo, sinto que preciso estar calmo. Agora, aqui vocês devem ver minha forma e falar e de estar. Era uma entrevista de uma hora, vai durar umas três. Sou o cara de emoção, do treino, em que as coisas têm que andar a mil. Se não andam como quero…

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