Do quase rebaixamento aos títulos: como o Glorioso conquistou o Brasil e a América

Quem diria que o Botafogo, após namorar sempre com a zona de rebaixamento, se tornaria o maior campeão do futebol brasileiro em 2024? A reviravolta épica do Glorioso nos últimos meses é um dos maiores feitos do futebol nacional nos últimos anos.

Com uma campanha de superação e determinação, o time carioca conquistou a Libertadores e o Campeonato Brasileiro, encerrando um jejum de títulos que já durava anos. Mas como o Botafogo conseguiu essa façanha? Neste artigo, vamos mergulhar nos bastidores dessa jornada histórica e entender os fatores que levaram o time ao sucesso.

A virada de chave e a importância da união

A contratação do técnico português Artur Jorge foi um divisor de águas para o Botafogo. Com um estilo de jogo ofensivo e uma forte capacidade de motivar os jogadores, o treinador conseguiu imprimir uma nova identidade ao time. A equipe, que antes demonstrava insegurança e falta de confiança, passou a jogar com mais intensidade e organização tática.

A força do elenco e a importância de cada jogador

Outro fator fundamental para o sucesso do Botafogo foi a união do elenco. Todos os jogadores, desde os titulares até os reservas, abraçaram o projeto e se dedicaram ao máximo. A equipe contava com jogadores experientes, como Marçal e Tchê Tchê, que transmitiam segurança e liderança aos mais jovens. Veja o que alguns jogadores falaram após a partida:

Marçal: "Difícil explicar o que a gente está vivendo. Realmente, só quem me viu, quem falou isso há 15 dias atrás, eu também não conseguia entender o que era isso. Hoje eu estou vivendo. O Botafogo merece muito. Acho que são dois anos e meio que eu estou no Botafogo, acreditei no projeto. Outros acreditaram logo em seguida. E a gente mostrou ano passado que isso podia acontecer. Batemos na trave, foi doloroso pra caramba. Aqueles que estavam aqui ano passado estavam carregando esse peso. E agora é um misto de emoções, né? Com esses títulos, lembrando tudo que a gente passou. Então é bom demais estar aqui agora com a família, ouvindo essa torcida que tanto sofreu, cantando aí atrás. Tenho certeza que eles vão por pelo menos uma semana comemorar isso daqui sem parar. Então é para eles também, que estão há tantos anos aí torcendo. Independentemente de estar na Série B, o Botafogo estava aqui no estádio. Então parabéns para essa torcida maravilhosa também que nunca deixou de apoiar (...) Eu costumo dizer agora que a gente mostrou quem é Botafogo não no Monumental. Não no jogo de hoje, mas nesses dez dias. Quando a gente perde a liderança, você olha para um vestiário que não baixou a cabeça. Você vê a serenidade, você vê a confiança no trabalho, no processo. Bastos costuma dizer, calma, confia no processo. E até de maneira que a gente dá muita risada com isso. Ele fala com isso com muita calma. E a gente confiou no processo, deu as mãos e mostrou lá em São Paulo. Jogo difícil, a gente sabia que o Palmeiras independentemente de tudo, parabéns para eles também, porque há três anos estão fazendo o que eles estão fazendo. Quatro anos. Não é fácil. E a gente conseguiu. No Allianz, conseguimos ganhar o jogo de maneira, digo eu, de cabeça erguida mesmo. Jogamos de peito aberto, vamos para o jogo, conseguimos ganhar o jogo, merecemos. Fomos no final de semana, ganhamos o Libertadores com um a menos, cara. No primeiro minuto. Falei, cara, eu sabia que qualquer jogador que saísse, eu sabia que o Gregore ia correr mais do que ele corre. O cara não para. Mas quando ele sai para correr com um jogador a menos, perdendo o Gregore, o time correu, cara. O Barboza falou uma coisa muito interessante, que era o Almada trombando com o Hulk lá na lateral defensiva. Isso mostra quem é o Botafogo (...) A gente foi jogar contra o Internacional, líder do returno, jogando um futebol muito bonito. E a gente conseguiu. Sofremos. Dá para perceber. Dá para ver que no final a gente já estava, tinha uns… Porque ali realmente jogar com o Inter inteiro já não é normal. As emoções desgastam muito também, né? Então, a gente ali estava desgastado físico também e emocional. Porque você viu que a gente estava tentando já no final segurar de todas as maneiras. Mas eu acredito que ali também foi um passo importantíssimo. O time sofreu, sofreu. E, pô, hoje a gente está levantando esse caneco por causa desses dez dias. Acho que foram dez dias maravilhosos."

Tchê Tchê: "Muito feliz em estar aqui, em conquistar mais um título, tanto no Botafogo quanto na minha carreira. É um momento muito especial (...) Dá para notar o trabalho árduo, o pessoal cansado hoje. Tem que comemorar quando se ganha, porque cobrança é firme quando não se conquista títulos. O grupo não tem vaidade nenhuma, isso engrandece a conquista, mostra como que o grupo é muito bom."

Barboza: "Incrível. Sonhamos com isso. Falei com Bastos, entramos para a história, ficamos livros, vão lembrar de nós. Essa equipe brigou, lutou, pouca gente acreditou, mas foi forte. Hoje, duas taças são nossas."

Bastos: "Isso mostra que trabalho supera tudo. Temos grupo muito trabalhador, é motivo de orgulho. Não dá para descrever, entramos na história do clube, só foi possível porque trabalhamos muito. Não há outro caminho se não for o trabalho. Estamos muito felizes por isso (...) Tenho que melhorar dia após dia, recuperar bem para voltar o mais rápido possível para ajudar o Botafogo. Quero voltar o mais rápido possível, tenho que respeitar o processo de recuperação. Quando estiver pronto, estarei à disposição do treinador"

Gregore: "Essa semana vivi uma mistura de sentimentos. Ocorreu aquela fatalidade comigo na final, saímos campeões, fiquei muito feliz, porque o clube e o grupo merecem. Passei uma semana difícil, é normal na cabeça do atleta ficar remoendo o que aconteceu. Tive suporte, queria agradecer a todo grupo, ao Mister, ao Paulo (Ribeiro) psicólogo, sentiu que eu estava um pouco abalado. Ele me olha, sente quando estou um pouco chateado. Essa semana não foi diferente. A única forma que sei de superar é trabalhando. Foi assim que cheguei aqui e que o grupo chegou. Agradeço ao Paulo, sensacional, não desistiu de mim, o grupo me apoiou. Falei com Barboza e Vitinho, eles correram para mim lá, hoje eu corri para eles."

Marlon Freitas: "Estou um pouco emocionado, porque foi muito difícil o final do ano passado, sabe? Não gosto de ficar lembrando disso, porque é algo muito pessoal. Carreguei uma cicatriz por 12 meses daquilo que aconteceu ano passado. Só que as pessoas não podem apagar o ano que eu vinha fazendo até as cinco, oito últimas rodadas. E não apagaram, porque fiz muita coisa boa. Assumo minha responsabilidade também, pela queda de rendimento, de performance (...) Cara, eu me achava muito forte, só que depois do que aconteceu e desse ano… Não é pelas conquistas, mas pela coragem, pela força. Só minha família sabe o que eu passei. Conquistar esse título, a Libertadores, é um ano mágico. Depois de tudo que aconteceu, Deus é tão incrível, que eu me tornei capitão do time. Acredito que tinha que ser assim, estava preparado para mim. Estava preparado para esse grupo. Quero agradecer muito à minha família, a esse grupo, que merece muito e trabalhou muito no dia a dia."

Tiquinho Soares: "É como eu falo, é um carinho recíproco. Eu amo estar aqui, eu amo jogar no Botafogo. Desde quando eu cheguei aqui, não faltou carinho, não faltou apoio, estou feliz demais, muito, demais (...) Desde quando eu cheguei aqui, eu fui bem recebido pela torcida, fui bem acarinhado. Eu gosto demais de estar aqui, minha família também, eu imaginava ser campeão com essa camisa, com esse clube. Feliz demais e vamos que vamos, é comemorar agora, e tem uma viagem longa agora para nós, estamos juntos."

Junior Santos: "Emoção muito grande de conquistar esses títulos com a camisa do Botafogo. Estamos ainda em comemoração, mas ao mesmo tempo viajando para outro sonho, outro compromisso. Hoje é desfrutar ao máximo, na viagem, porque já temos outras coisas para conquistar e temos que estar focados."

Igor Jesus: "É muita loucura, você ganha um título e depois de três dias já tem que jogar de novo, não dá nem tempo para comemorar. Tivemos um ano muito longo e quando você é campeão duas vezes e não poder comemorar grandes títulos, porque já tem jogo três dias depois… Mas isso faz parte do futebol e da nossa profissão, temos que nos manter focados para ir em busca dos nossos objetivos e colocar o clube no topo (...) Agora é jogo a jogo. Não tem como dar um passo maior do que a perna, primeiro é pensar no Pachuca, depois no Al-Ahly e depois no Real Madrid (...) Eu, particularmente, fui escolhido por estar aqui. Por tudo que aconteceu na minha vida essa temporada, foi algo incrível. Diversos clubes me mandaram propostas. Na minha cabeça veio somente o Botafogo. É incrível. É difícil de acreditar nisso que poderia acontecer, tudo isso que estamos vivendo. E, a partir do momento que eu cheguei, eu vi a alegria no rosto de todos os jogadores. Vi que o grupo estava fechado. Isso me deu muita confiança de estar podendo fazer um grande trabalho. Não somente de jogadores, mas também de toda a direção. E, hoje, estar podendo alcançar o Brasileiro e a Glória Eterna, colocar o nosso nome na história do clube e dar alegria a todos os torcedores, é gratificante da nossa parte. Agora, temos o Super Mundial também. Se Deus quiser, vamos fazer o nosso melhor para que tudo aconteça da melhor forma."

O apoio da torcida e a força do Nilton Santos

A torcida do Botafogo foi um dos grandes protagonistas dessa conquista. A cada jogo, os torcedores compareceram em peso ao Nilton Santos, empurrando o time para a vitória. A força da torcida foi fundamental para que os jogadores se sentissem motivados e conseguissem superar as dificuldades.

Um legado para a história do Botafogo

A conquista da Libertadores e do Campeonato Brasileiro em 2024 marca um novo capítulo na história do Botafogo. O time carioca mostrou ao Brasil e ao mundo que é capaz de grandes feitos e que está de volta ao topo do futebol brasileiro. Essa conquista é fruto de muito trabalho, dedicação e planejamento.

A jornada do Botafogo serve de inspiração para todos os clubes brasileiros. Mostra que com união, determinação e um bom planejamento, é possível superar qualquer obstáculo. O Glorioso é um exemplo de que o futebol é um esporte apaixonante e que sempre nos reserva grandes surpresas.

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