Alessandro Brito revela os segredos por trás do sucesso do Fogão no mercado de transferências
O Botafogo vive um novo momento. Sob a gestão de John Textor e com a expertise de Alessandro Brito à frente do departamento de futebol, o clube se tornou uma verdadeira referência no mercado de transferências. Mas como o Fogão consegue encontrar tantos talentos, muitas vezes sem custos, e montar um time competitivo que chegou à final da Libertadores? Neste artigo, vamos desvendar os segredos por trás do sucesso do Botafogo.
Alessandro Brito e o Sucesso do Departamento de Scout
Um Trabalho de Formiga
Alessandro Brito, diretor de gestão esportiva do Glorioso, explica que o sucesso do departamento de scout é resultado de um trabalho conjunto e bem estruturado. A equipe utiliza dados, métricas e análises de desempenho para identificar os melhores talentos do mercado. Além disso, o clube busca antecipar as necessidades do time e do treinador, fechando negociações antes que outros clubes manifestem interesse.
O trabalho se iniciou em 2022, quando John Textor compra a SAF, com a mentalidade de profissionalizar o futebol e deixar como uma empresa. Foi direcionado para trazer um executivo e um head scout, com ideia de pensar a longo prazo. Foi um dos grandes objetivos que traçamos e o que me conquistou para estar junto com ele nesse projeto. Isso me convenceu, de poder reestruturar e demonstrar o que é um departamento de scout, não só sair contratando jogadores, mas pensar na equipe, no coletivo, em como o treinador e o John Textor pensam o jogo. Foi algo muito atrativo, por isso disse sim para o desafio. Vamos crescendo na empresa, Thairo (Arruda, CEO) me fez convite para participar de uma forma um pouco mais ampla, cuidando da gestão do atleta e dos nossos talentos, por isso demos um passo a mais de ser diretor de gestão esportiva (...) O coletivo, por hoje estarmos representando o Botafogo, resgatar o brilho do clube, o torcedor ir ao estádio, não tem satisfação melhor. Hoje estamos na final da Libertadores, o que o clube nunca tinha alcançado. É uma grande satisfação, é a nossa vitória.
"Beber água limpa"
Uma das estratégias do Botafogo é chegar antes dos demais clubes, “bebendo água limpa”, como define Brito. Essa expressão significa fechar negociações com jogadores que ainda não são conhecidos do grande público, mas que têm potencial para se destacar.
Temos nosso departamento de analytics, que cuida muito dos dados. Tem métricas que vamos acompanhando, como prazo contratual de atletas. Vai nos indicando quando vai encerrar um contrato, nos auxilia na tomada de decisão. Aliado a isso, temos o departamento de scout, que analisa jogo a jogo. O que tentamos fazer é chegar antes no jogo para beber água limpa. É o que tentamos fazer, chegar antes, analisar o atleta e oferecer uma condição de vir para o Botafogo. Não é fácil. Normalmente trazemos nomes que não estão no cotidiano, tanto do treinador quanto do John. Não por querermos algo diferente, mas porque queremos alguém que vá aumentar a performance da equipe. John fica na expectativa. Tentamos trazer alguém para substituir algo que está dando certo na equipe. O trabalho que faço com treinadores é uma gestão horizontal, dividir e escutar deles. Desde a minha construção do departamento, gosto de estar no dia a dia da equipe, de treinos, vestiário, palestras. Normalmente (em outros clubes), o scout fica um pouco afastado, perde um pouco o feeling de vestiário e de ideia do treinador.
O Perfil do Jogador Ideal para o Botafogo
A Fórmula do Sucesso
John Textor, dono do Botafogo, tem um perfil de jogador bem definido: rápido, habilidoso e inteligente. Essa preferência por atletas com características técnicas e táticas específicas guia as buscas do departamento de scout. Além disso, a equipe técnica, liderada pelo treinador, também tem um papel fundamental na definição do perfil dos reforços.
Os treinadores partiram do John, a não ser o Tiago Nunes. Ele tem dentro dele uma filosofia de jogo de jogar bonito, vertical, com posse, nos cobra isso. Tem perfil de atletas que gosta, rápido, habilidoso e inteligente. Também me identifico com isso, é o perfil das grandes ligas do mundo para jogadores desempenharem uma boa performance (...) Hoje nosso departamento foi ampliado, o de scout, de informação. Tive experiencia de já dar o nome de departamento de inteligência, para mim inteligência seria a Nasa, algo surreal, vou na linha de departamento de informação, temos que dar informação ao treinador e ao John. Temos departamento de dados, analytics, o scout pro, o de captação de atletas na base e o de liaison, que cuida do atleta para a chegada dele. É o que chamamos de bem-estar. É o que acredito. Trazemos atletas de diferentes cenários, temos que entender a realidade deles, cuidar deles e das famílias (...) Conseguimos construir no Botafogo, parabenizo o John por isso, a gestão horizontal. Discutimos muito, colocamos os nomes, as oportunidades de mercado e tomamos a decisão. Não existe “esse jogador é do treinador”, é uma decisão em conjunto.
A Importância do Treinador
A relação entre o departamento de scout e o treinador é de extrema importância. No Botafogo, essa relação é marcada pela horizontalidade e pelo diálogo. O diretor de gestão esportiva busca estar próximo da equipe, participando de treinos e conversando com os jogadores. Essa proximidade permite entender melhor as necessidades do técnico e montar um elenco que atenda às suas expectativas.
Dentro da estrutura da holding, é o departamento que mais cresceu. Temos ligação direta com o pessoal da França e da Bélgica, já tivemos reuniões lá e cá. Criamos bancos de dados únicos, eles têm acesso a tudo que acontece na América do Sul e nós ao que acontece na Europa (...) Essa é a ideia, tentar identificar atleta para performance no Botafogo e para a Europa. O Botafogo só sai do lugar que está gerando receitas com venda de atletas, precisa fazer a máquina girar. Sempre tentamos identificar um perfil para futuramente avançar.
Os Desafios e as Recompensas
Um Trabalho Constante
Montar um elenco competitivo é um desafio constante. O mercado de futebol está em constante movimento, e os clubes precisam se adaptar às novas realidades. O Botafogo tem demonstrado uma grande capacidade de adaptação e de se reinventar.
Nossa ideia é realmente deixar o Botafogo nesse patamar, de poder brigar por títulos, pelas principais competições. Título só ganha um, não temos cravar que seremos campeões todos os anos, tem outros clube trabalhando de forma séria. O caminho de gestão e de clube está sendo consolidado, na minha opinião.