Artur Jorge em coletiva de imprensa após jogo do Botafogo, defendendo sua equipe e convocando a torcida.

O Botafogo vive um momento crucial em sua história. A equipe, que liderou o Campeonato Brasileiro por grande parte da temporada, enfrenta agora uma série de desafios e críticas. O técnico Artur Jorge, em meio à tempestade, busca manter o foco e a união do grupo para alcançar os objetivos traçados.

Tchê Tchê na Mira da Torcida: Artur Jorge Sai em Defesa do Jogador

Após o empate em 1 a 1 com o Vitória, Tchê Tchê foi vaiado pela torcida. O volante não teve uma boa atuação e foi substituído no intervalo. O técnico Artur Jorge, no entanto, saiu em defesa do jogador, destacando a importância de manter o grupo unido e focado.

Sobre aquilo que é o comportamento da torcida em relação aos jogadores, não gostei, não gostei em relação ao Tchê Tchê, aquilo que foi feito. O Tchê Tchê não merece isso, não merece esse comportamento. É um profissional exemplar que trabalha diariamente para poder ser útil ao Botafogo. Mas é aquilo que eu digo, são coisas que eu não controlo, não posso controlar, não tenho que desgastar muita energia nisso. Já falei aqui dentro que nós somos capazes, somos sempre mais fortes, se conseguimos ter uma capacidade de olhar para o jogo e para toda uma temporada em que possamos dizer no final que valeu a pena, e não de quebrarmos ou de desistirmos a meio ou quando o fim se aproxima.

A questão do não gostar, e percebam, eu acho que é desnecessário. Porque nós estamos cá todos por uma causa, que nós defendemos desde o primeiro dia e precisamos muito da nossa torcida. Aliás, eu já o disse aqui muitas vezes, eu estou impressionadíssimo com aquilo que tem tido em termos de torcida, o apoio que temos sentido, aquilo que tem sido o acompanhamento em todos os estados onde temos jogado. Para mim, tem sido fundamental e tem sido muitas vezes motivador e uma fonte de energia extra para nós podermos ter os resultados que temos tido.

Eu acho que nós individualizarmos aquilo que possa ser um jogo para podermos condicionar um atleta que está a tentar dar o seu melhor dentro de campo, é isso que eu não gosto. Entendam e percebam isso. E acho que é desnecessário porque cada um de nós está aqui a dar o melhor e está a procurar ser sempre o mais útil possível para atingirmos objetivos.

Manter o Estilo de Jogo: Um Desafio para o Botafogo

O Botafogo tem sido criticado por manter seu estilo de jogo mesmo diante de adversários que se fecham na defesa. O técnico Artur Jorge reconhece a necessidade de encontrar alternativas para superar essas dificuldades, mas valoriza o modelo de jogo da equipe.

Não perdemos há 13 ou 14 jogos. É um registro que fica. Mas não temos que pensar só em não perder, temos que pensar em ganhar. Nos custa olhar para os três últimos jogos, em que não conseguimos vencer, fizemos mais de 70% de posse de bola, 80 finalizações, fomos dominadores, mas não conseguimos. É frustrante para nós enquanto equipe. Em 80 finalizações, fizemos um gol. É manifestamente pouco, tem impacto na parte emocional dos atletas, aumentando a ansiedade, a dificuldade que criamos a nós. Jogar da mesma forma para mim é ótimo. É um elogio, não uma crítica. Assumo que temos uma ideia, a equipe está enraizada e identificada, que nos tem mantido em primeiro lugar, trazido sucesso. Hoje, se tivéssemos ganho os últimos três jogos estaríamos a dizer muito bem, porque a ideia está assimilada e jogadores estão cumprindo. Ficaria pior se não conseguisse resultados porque mudei estrutura, botei jogadores fora de posição. Isso para mim é mais positivo, tendo em vista o trabalho que desenvolvemos e acreditamos.

Falo há muitos meses sobre a importância do aspecto mental de uma equipe. Obviamente, o impacto que tem de não ganhar. Sejamos realistas, nas últimas seis rodadas, não conseguimos vencer e temos três pela frente. Permite adversários encurtarem distâncias, mas isso não abala nem faz com que estejamos desesperados nessa altura. As duas expulsões em campo, a terceira é fora… Fazer apenas três pontos em nove é difícil para quem luta por títulos aceitar. Mas só pode ser revertido se tivermos capacidade de olhar do ponto de vista negativo, em que nos assustamos, ficamos com dúvidas e não conseguimos reagir. Onde o lado positivo pode fazer diferença? Perceber que dependemos de nós próprios. Quero ver por esse lado. Não fiquei satisfeito com os resultados obviamente, mas tenho a capacidade de poder perceber o que é continuidade de longa temporada, que muito nos cria dificuldades. Não é bom porque é fim de campeonato. Mas tivemos períodos excelente que nos permitem ainda estar com a pontuação de primeira posição. Com confiança no trabalho, sendo positivo, no que desenvolvemos diariamente, podemos garantir que vamos lutar até o fim por este título. É a única certeza que tenho. Vamos para três jogos como finais. Não há outra forma de olhar para isso, porque temos daqui a dois dias mais um jogo importante. Nada vai ficar decidido, mas muito pode decidir em relação ao título.

O que me incomoda é não ganhar. Obviamente, temos tido equipes, cada ponto vale ouro na parte final, que vêm jogar muito perto da sua grande área, aproveitando transições ofensivas. São equipes com nove ou dez homens atrás da linha da bola. Faz termos dificuldades naquilo que é a forma de jogarmos, no que podemos encontrar de espaços, ser mais verticais no corredor central. Isso nos obriga a encontrar espaço mais nas laterais e tentar a partir daí ter finalizações para aproveitar cruzamentos. Fizemos mais de 35 nos últimos três jogos, mas falta eficácia. Quando tivemos, por exemplo, contra um Peñarol que todos falaram do desempenho defensivo, nós fizemos cinco gols. Conseguimos desbloquear. Às vezes um gol muda toda a situação. Cada jogo tem uma história diferente. Temos tido histórias parecidas, mas sem nunca deixar de tentar ganhar. É parecida a forma que os adversários jogam, com pouca ambição de ganhar o jogo ou ser mais ofensivo, nós procuramos, tentamos, estamos em cima do adversário, mas não é fácil criar e não concretizar. Foi uma realidade para nós nos últimos três jogos. Muito pode ser erro da nossa parte, da minha também, mas com expectativa de que as coisas possam melhorar. Se eu não criasse, não tivesse volume, estaria muito mais preocupado. A verdade é que temos que ganhar jogos nessa parte final. Eu estar a explicar ou justificar pouco valor tem, tendo em conta os pontos conseguidos. É criar, ter enormíssima superioridade, mas não conseguimos ganhar.

Cera e Antijogo: Artur Jorge Não se Abate

O treinador português também comentou sobre a postura de alguns adversários, que utilizam táticas de cera e antijogo para dificultar o jogo do Botafogo. Artur Jorge, no entanto, não se abala e pede o apoio da torcida para superar esses obstáculos.

Olha, nós temos a perfeita noção que nós, Botafogo, temos muitos adversários. E eu não posso, de forma alguma, estar aí a enumerá-los todos ou pelo menos a enumerar alguns que vocês até poderiam conhecer. Mas há coisas que nós não controlamos. Há coisas que nós não podemos manifestar e poder dizer que hoje levei cartão amarelo, é verdade. Levei porque manifestei outra vez contra aquilo que era termos uma equipe que esteve constantemente a quebrar o ritmo de jogo. E não me adianta para mim depois no final dar cinco minutos numa primeira metade e oito minutos na segunda metade para poder justificar aquilo que foi. Porque para mim o que é importante é quebra de ritmo constante. Não é o número de minutos que eu possa ter de ganhar ou não ter para jogar.

É quebra constante de ritmo em que faz com que a equipe vá tendo essas quebras em termos de produtividade e fazendo com que haja uma diferença sobre aquilo que é uma equipe que procura jogar rápido, em ritmo alto, que procura ter uma dinâmica de jogo bem mais interessante para todos nós, particularmente para o futebol brasileiro, que me parece ser muito importante que o jogo possa ter esta vivacidade e não ser um jogo que nos dê algum tédio ou mesmo sono. E isto faz com que nós possamos, dentro de campo, tentar lutar contra isso. Faz com que a torcida também se sinta injustiçada face àquilo que pagou para ver um espetáculo e vê um espetáculo que é mais pobre do que aquilo que era suposto ser e que não é a sua própria equipa que contribui para isso. Mas isto nós não controlamos.

Nós temos que lidar com isto. E eu manifestei-me porque não gostei. Mais uma vez, é o segundo jogo consecutivo em que eu vejo um goleiro adversário constantemente a ficar com a bola e a não ter vontade de jogar. No caso não aconteceu, mas acontece muitas vezes ao minuto 80 a dar um cartão amarelo. Tardíssimo. Para mim, quando começar isso, aos 20 ou aos 30 minutos, tenho que levar o cartão amarelo. E quando fizer aos 40 ou aos 50, tenho que vir para a rua. Tem que ser isto, para mim, muito prático para podermos ter uma postura de jogo que seja ajustada para aquilo que é o futebol de alto rendimento, o futebol de alta competição. Tenho que ter esta vivacidade e não o contrário. Portanto, este é o meu ponto de vista. É a minha forma de ver as coisas. Não sei se estou certo ou errado, mas tenho a certeza de que me manifesto e produzo para que o espetáculo seja bem mais interessante do que propriamente estarmos a ter um jogo que possa ter meia dúzia de minutos de tempo útil, meia dúzia de minutos de emoção, meia dúzia de minutos em que a torcida se levante para vibrar. Não gosto de contribuir para isso dessa forma.

Convocação da Torcida

Com jogos decisivos pela frente, contra Palmeiras e Atlético-MG, Artur Jorge fez um apelo à torcida. O treinador acredita que o apoio dos torcedores será fundamental para o sucesso da equipe.

Eles são fundamentais e são muito importantes. Nós temos que saber que possam ter todos esse espírito positivo em relação àquilo que é a campanha que temos até a final. Porque é aquilo que eu tenho dito, para quem for e quem estiver assustado e negativista e for uma pessoa derrotista em relação àquilo que é a temporada, eu digo que nós temos e dependemos de nós próprios para conseguir aquilo que sempre ambicionamos. Nós vamos ter esta última semana que será, ou esta semana será provavelmente a semana mais histórica e a mais marcante da história do Botafogo. Portanto, temos que estar todos unidos, preparados, determinados para conseguirmos fazer com que esta história seja uma história de sucesso.

Portanto, este é o meu grande objetivo, é desde há muito tempo, passou a ser mais ainda quando os objetivos começaram a ficar mais próximos de atingir e nós conseguimos reduzir aquilo que foi deixando para trás adversários e etapas. Nesta altura, tenho uma determinação impagável sobre aquilo que é o meu trabalho aqui dentro e sobre poder contribuir para uma história de um clube tão centenário e tão rico quanto este e que só é rico pela torcida que tem. Eu estou muito confiante.

Marlon Freitas Fora: Técnico Explica Ausência do Capitão

A ausência de Marlon Freitas na partida contra o Vitória gerou dúvidas entre os torcedores. O técnico Artur Jorge explicou que o capitão não estava em condições físicas ideais para iniciar a partida.

Ficou de fora porque não estava em termos físicos de dar sua contribuição a 100% para a equipe.

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