Artur Jorge expressa sua insatisfação com o desempenho da equipe adversária e a postura de alguns jogadores em campo.

O Botafogo, líder do Campeonato Brasileiro, viveu um fim de semana agitado. O empate em casa contra o Cuiabá gerou diversas reações do técnico Artur Jorge, que criticou a postura do adversário e a interferência da data FIFA no planejamento da equipe. Neste artigo, vamos analisar as principais declarações do treinador e os desafios que o Glorioso enfrenta na reta final da competição.

Artur Jorge critica postura antijogo e simulações

O técnico português não poupou críticas à equipe do Cuiabá. Artur Jorge classificou as simulações e a falta de vontade de jogar bola por parte dos adversários como "mal profissionalismo". A postura do Botafogo de devolver a bola, em um momento em que um jogador do Cuiabá estava sendo atendido, também gerou discussão. O treinador alvinegro deixou claro que sua equipe está focada em vencer e não em amistades.

Eu não gosto. Estou aqui para ganhar jogos, não estou aqui para ter uma equipe simpática, que quer fazer amigos do outro lado. Não fiquei satisfeito por devolver a bola, quando claramente aquela foi uma parada técnica, com jogador no chão para que recebessem instruções. Não gostei, fiquei chateado com o Bastos, disse no intervalo exatamente isso, tudo serve para arranjar uma maneira de quebrar o ritmo de jogo. Sabendo que somos uma equipe rápida, com dinâmicas intensas, do outro lado vamos pegar algumas equipes dessa forma. Não gosto que possamos ser também cúmplices de estratégias que o adversário possa ter. Não julgo, nem tenho que me pronunciar sobre isso. Sobre mim, temos que fazer um jogo para conseguir o resultado que queremos. Se tivemos alguns momentos em que fomos cúmplices da estratégia que o adversário trouxe de quebrar o ritmo de jogo, estivemos mal (...) Também permitimos muito, todas as vezes esperar para dar um cartão aos 60′, ao goleiro que sempre esteve atrasando jogo, jogadores constantemente no chão… Simularam lesões, qualquer encosto simularam como se estivessem sido atingidos na cara, acho um mal profissionalismo quando é assim, é um comportamento que não favorece o espetáculo. Não é esse o futebol que eu defendo.

Empate injusto, mas liderança mantida

Apesar da frustração com o resultado, Artur Jorge reconhece a importância de manter a calma e a concentração. O Botafogo ainda possui uma vantagem considerável na liderança do Brasileirão e o treinador acredita que a equipe tem tudo para conquistar o título.

O resultado foi extremamente injusto para nós. Fizemos muita coisa suficiente para ganhar este jogo. Finalizações, bolas na trave, atacamos pela esquerda, pela direita, pelo centro, acabamos o jogo com quatro homens na linha de frente… Há jogos assim. Futebol é isso mesmo. Não quero passar de uma euforia na rodada passada em que tínhamos seis pontos para uma depressão quando temos quatro. Temos quatro pontos de vantagem e temos que saber lidar com isso. Temos que pensar no que podemos fazer melhor, porque há, e depois preparar esse último ciclo de cinco jogos mais a final da Libertadores para acabarmos bem. Sobre o jogo, eu disse no início sobre a abordagem que deveríamos ter, da importância que era continuar a ganhar. Tenho falado muito sobre controlar as expectativas, porque quando se tem um campeonato tão equilibrado quanto este, em que qualquer jogo é uma dificuldade imensa, temos que ter a capacidade de perceber os momentos que a equipe vai vivendo. Essa equipe já viveu com um ponto de vantagem há quatro rodadas, depois viveu com três, com seis, hoje com quatro. Temos que nos equilibrar emocionalmente, faltam cinco jogos e continuamos a ter uma posição privilegiada em relação à ambição de ser campeão. Esse é o nosso objetivo, fazer deste Botafogo é campeão.

Data FIFA: um desafio a mais

A convocação de diversos jogadores do Botafogo para as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 é um desafio a mais para a equipe. Com a redução do período de treinamento, Artur Jorge teme que o time sinta as consequências físicas e técnicas em campo. O técnico português classificou a situação como um "absurdo" e criticou o calendário do futebol.

Me parece um absurdo ter jogo um dia após as seleções jogarem. A Seleção Brasileira vai jogar aqui no Brasil, a Argentina vai jogar em Buenos Aires, a Venezuela no Chile, o Paraguai [na Bolívia]… Teremos jogadores espalhados por esse continente com 24 horas ou menos para tentar chegar ao jogo seguinte. Obviamente isso vai ter impacto e influência nas minhas opções para o jogo contra o Atlético-MG. Se todos jogarem e derem sua contribuição para as seleções, fica o Botafogo privado de ter esses jogadores, ou pelo menos de tê-los em sua plenitude, para um jogo de extrema importância. Estou falando disso nos últimos cinco jogos do campeonato. Conseguimos ter uma equipe que luta pelo título condicionada e privada dos jogadores porque tem jogos das seleções no dia anterior ao jogo. Isso para mim é um absurdo.

Botafogo sob pressão, mas confiante

A diminuição da vantagem na liderança do Brasileirão não abala a confiança de Artur Jorge. O treinador acredita que os adversários não conseguirão somar todos os pontos e que o Botafogo tem condições de manter a primeira posição até o final da competição.

Não impacta nada, eu sei que para vocês da comunicação vai impactar e vão ter a oportunidade de falar um bocadinho mais sobre isto, porque eu também não me esqueço que há quatro rodadas o Palmeiras era campeão porque ia receber o Botafogo e tinha um ponto só de desvantagem. Isto foram vocês, nunca eu disse aquilo, mas vocês da imprensa, estou generalizando, disseram: “Não, está entregue para o Palmeiras, porque é um ponto, jogam em casa com o Botafogo”. Isto são favas contadas. Para mim não impacta rigorosamente nada, para os meus jogadores também não, nós sabemos aquilo que é o nosso caminho, sabemos das dificuldades, falta muita coisa pela frente. Faltam 15 pontos muito difíceis de conquistar, muito difíceis mesmo, sei também que os adversários não vão fazer 15 pontos. Não vão fazer 15 pontos. Nós temos a vantagem de quatro pontos, o que nos dá uma margem boa, mas não decisiva e não podemos adormecer nessa vantagem. Com o resultado seguinte as coisas invertem-se. Para mim o caminho é muito, muito igual àquilo que eu faço há sete meses atrás. Tenho um objetivo, vamos caminhar nesse mesmo caminho com esse objetivo muito claro, sem manobras, sem tentar expressar muito por aquilo que se fala à volta, sem poder condicionar o nosso trabalho em função daquilo que se possa falar. Nesta altura há de fato uma luta para ser campeão entre três, quatro equipes se quisermos, todas elas com possibilidades, claro que dependendo umas mais do que as outras. E nesta altura nós dependemos de nós próprios e temos mais destes quatro pontos de vantagem que nos dão algum conforto para os 15 que aí vêm. Volto a dizer. Nenhuma das equipes vai fazer esses 15 pontos.

Próximos desafios e projeções

O Botafogo terá um confronto difícil contra o Atlético-MG na próxima rodada. O Palmeiras, principal perseguidor, também terá um jogo complicado contra o Bahia. A reta final do Brasileirão promete ser emocionante, com o Botafogo buscando confirmar o favoritismo e os adversários tentando diminuir a distância.

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