A Associação de Árbitros de Futebol do Brasil (Abrafut) decidiu levantar sua voz em um longo comunicado, expressando sua profunda decepção com o comportamento do lateral-esquerdo Marçal, jogador do Botafogo. Este lamento veio após Marçal ser expulso durante o confronto contra o Corinthians em 22 de setembro. Além disso, a Abrafut anunciou seu plano de levar o assunto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como se não houvesse problemas mais sérios a serem tratados.
Marçal, o capitão do Botafogo, não perdeu a oportunidade de fazer de "cutucar" no momento de sua saída do campo. Ele se dirigiu diretamente ao técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, com uma declaração que beira o ridículo: "Isso aí que é roubo! Isso aí que é roubo, Abel!", gritou para as câmeras que transmitiam o jogo pelo "Premiere". Tal atitude foi classificada como infantil e desrespeitosa e muitos criticaram a postura de um capitão de equipe.
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Para piorar ainda mais a situação, o desabafo de Marçal foi registrado na súmula do jogo pelo árbitro Paulo Cesar Zanovelli da Silva, que aparentemente usou como fonte uma reportagem do "GE" e leitura labial para compreender a declaração do jogador. Sim, um documento oficial de um jogo de futebol, usado para relatar ocorrências importantes, foi baseado em uma reportagem e na habilidade de leitura labial.
Abrafut no STJD
A Abrafut parece estar em uma cruzada contra o Botafogo nas últimas semanas, já que também apresentou uma queixa semelhante ao STJD após o jogo contra o Atlético-MG. Nesse jogo, o técnico Bruno Lage e o atacante Diego Costa foram alvo da ira da Associação por reclamarem veementemente de um gol legal do Botafogo que foi erroneamente anulado. Até o momento, o STJD não se pronunciou sobre o assunto.
O que é perturbador em todo esse episódio é a complacência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em relação a essas queixas infundadas. Aceitar o uso de uma reportagem e leitura labial como base para a súmula de um jogo é abrir um precedente extremamente perigoso. Isso coloca em dúvida a integridade e a confiabilidade do processo de arbitragem.
Em vez de buscar bodes expiatórios na mídia e recorrer a métodos duvidosos, a Abrafut e a CBF deveriam se concentrar em reconhecer os erros legítimos e trabalhar juntas para melhorar a qualidade da arbitragem no futebol brasileiro. Afinal, se a CBF aceita e endossa tais práticas questionáveis, ela está, por lógica, admitindo que o árbitro agiu de maneira correta. Isso, por si só, é uma afronta ao bom senso e ao espírito esportivo. Deveríamos estar buscando uma arbitragem justa e imparcial, em vez de forçar os árbitros a navegar na internet em busca de informações que passaram despercebidas em campo.
Veja a íntegra da nota da Abrafut sobre Marçal
“Infelizmente o mau exemplo nos campos por parte de alguns jogadores, técnicos e membros da diretoria de determinados clubes tem acontecido perenemente.
No jogo dessa sexta-feira entre Corinthians X Botafogo na Neo Química Arena, após ser expulso corretamente pelo árbitro Paulo César Zanovelli, o capitão do time do Botafogo, Marçal, se dirigindo às câmeras disse: ” Isso aqui é roubo, isso aqui é roubo, Abel”.
Nessa fala, o jogador fez referência ao técnico do Palmeiras Abel Ferreira que também em seu último jogo contra o Grêmio usou de palavras semelhantes , com mesmo cunho depreciativo se dirigindo ao árbitro da partida.
Na mesma frequência que esses atos lamentáveis vêm acontecendo, nós da ABRAFUT estaremos aqui de forma incansável defendo nossos árbitros que estão cumprindo seu dever dentro do campo corretamente, conforme as regras, de forma íntegra, decente , limpa e justa.
E não somente pelos nossos árbitros que iremos nos pronunciar sempre que preciso. Temos que pensar no efeito negativo que o mau comportamento desses jogadores suscita sobre as crianças que os têm como ídolos, exemplos.
Quando em um jogo de futebol, classificado como entretenimento , um membro do grupo promove atos de desrespeito , desacato e injúria a quem quer que seja, sua conduta fomenta exatamente o oposto do que deveria ser o seu papel social. A potência que esse profissional carrega em sua imagem de herói, principalmente para as crianças, deveria ser fiel , carregando o lado mais relevante desse papel: valores morais e responsabilidade social.
Os árbitros não estão sozinhos, eles têm hoje uma associação que está trabalhando em sua defesa e em defesa dos valores morais em nossa sociedade.
Na próxima segunda-feira, a ABRAFUT entrará com uma nota de infração no STJD.”